Frequência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e de lesões oculares causadas pelo parasita, e fatores de risco associados à toxoplasmose ocular em Cássia dos Coqueiros, São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Angelis, Rafael Estevão De
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17150/tde-05102020-103415/
Resumo: Determinar a frequência e os fatores de risco para a sorologia positiva para toxoplasmose e da presença de lesões oculares atribuíveis ao parasita, e suas características, na cidade de Cássia dos Coqueiros-SP. Casuística e Métodos: Todos os habitantes maiores de 18 anos foram convidados para a coleta de amostra de sangue e realização de sorologia para toxoplasmose. Posteriormente, estes participantes foram convidados a responderem um questionário sobre fatores de risco para a doença e, em outro momento, submeterem-se ao exame oftalmológico. As lesões presumidas de toxoplasmose ocular encontradas foram registradas em vídeo e analisadas por três oftalmologistas mascarados. Foram consideradas como lesões de toxoplasmose ocular aquelas em que houve concordância entre os avaliadores e a sorologia do participante era positiva. Os achados sorológicos e oftalmológicos foram relacionados às respostas obtidas no questionário. Resultados: Foram colhidas amostras de sangue de 1150 participantes, 984 foram avaliadas e 624 (63,4%) apresentaram anticorpos anti-Toxoplasma gondii. Submeteram-se ao exame oftalmológico 721 participantes, 490 (68,0%) com presença de anticorpos anti-Toxoplasma gondii. Após a avaliação das lesões registradas em vídeo (Kappa = 0,37; p<0,001), foram encontrados 48 olhos (3,3%), de 42 participantes (5,8%), com lesões de toxoplasmose. Lesões inconclusivas, ou cujo participante apresentava sorologia negativa, foram excluídas. Na maioria dos olhos acometidos a lesão era única (58,3%) e periférica (77,1%), sendo unilateral em 85,7% dos participantes. Lesões maiores que 1 DD relacionaram-se com a idade mais avançada (p=0,047). Nenhum participante apresentou lesão ativa. O consumo de carne crua ou mal passada (Odds ratio - OR: 2,61; Índice de confiança - IC: 1,40 - 4,84; p=0,002), presença de felinos no domicílio (OR: 1,36; IC: 1,03 - 1,81; p=0,03), menor escolaridade (menos de quatro anos de estudo: OR: 4,40; IC: 2,44 - 7,96; p<0,01), pertencer ao estrato social agrupado baixo (OR: 1,44; IC: 1,09 - 1,88), e a idade avançada (OR: 3,89; IC: 2,27 - 6,66; p<0,01) relacionaram-se com sorologia positiva para anticorpos anti-Toxoplasma gondii. A presença de lesão ocular relacionou-se com o estrato social agrupado baixo (OR: 2,89; IC: 1,2 a 6,97; p=0,018). Não houve diferença entre a acuidade visual dos participantes com ou sem lesão ocular (olho direito p=0,66 e olho esquerdo p=0,87). Conclusões: A frequência de sorologia positiva para anticorpos anti-Toxoplasma gondii na cidade de Cássia dos Coqueiros-SP é alta em relação a outras regiões do mundo, mas está dentro da variação encontrada no Brasil. O mesmo ocorre com as lesões de toxoplasmose ocular. Observou-se que o estrato social agrupado baixo é um possível fator de risco comum entre a contaminação pelo parasita e a manifestação da doença ocular. A localidade majoritariamente periférica justifica a ausência de relação com a diminuição da acuidade visual nos olhos afetados.