Corte e aspectos da biologia reprodutiva do escorpião brasileiro Tityus bahiensis (Scorpiones: Buthidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Jorge, Sabrina Outeda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-28092010-112857/
Resumo: Os escorpiões são únicos dentre os artrópodes terrestres em muitos aspectos da biologia reprodutiva. A corte em escorpiões envolve sequências complexas de comportamentos ritualizados; é dividida em três fases: iniciação, dança e transferência de espermatozoides. Cerca de 50 espécies de escorpiões dentre as 1600 atualmente reconhecidas tiveram a corte descrita. Do mesmo modo, são poucos os estudos com tamanho de prole e investimento reprodutivo em escorpiões. Até o momento, a descrição da corte em Tityus bahiensis foi realizada com base em poucas observações incompletas. Os objetivos deste trabalho foram: estudar a corte em T. bahiensis para reconhecer os repertórios comportamentais e padrões de comportamento para espécie, através de um etograma e de um fluxograma; investigar prováveis funções das categorias comportamentais; abordar aspectos da época reprodutiva; e estudar o tamanho de prole, tempo de gestação e investimento reprodutivo. Dezenove cortes, de 202 pareamentos realizados, foram utilizadas para elaboração do etograma e do fluxograma. As sequências de comportamentos foram analisadas com o programa JWacher sup TM/sup e compiladas através de um script em Perl. Para o estudo do tamanho de prole, data de nascimento e período de gestação, foram compilados dados de 76 fêmeas. Desses nascimentos, 12 foram provenientes de cortes observadas em laboratório. A corte em T. bahiensis é complexa e está organizada de modo que a realização de uma fase prepara e condiciona o aparecimento da seguinte. A fase de iniciação tem funções como a procura por parceiros sexuais e o reconhecimento específico, sexual e da predisposição dos parceiros à corte. A fase de dança é dividida em dois módulos. No módulo I, o macho estimula e conduz a fêmea a uma superfície adequada para deposição do espermatóforo, preferencialmente uma casca de árvore (X2=24,314; g.l.=5; p<0,001). O módulo II apresenta comportamentos frequentes e repetitivos, com a função de estimular a fêmea e preparála para a fase seguinte. A fase de transferência de espermatozoides é rápida e estereotipada. Tem a função de inseminar e estimular a fêmea para uma cópula bemsucedida. Durante a cópula, o macho executa cortejo copulatório (tateamento com pernas e roçar com quelíceras). A fase de pós-transferência segue um padrão, mas apresenta poucas categorias, sendo que a maioria tem a provável função de romper o flagelo do espermatóforo inserido no gonóporo do macho; o macho pode consumir o espermatóforo e não ocorre canibalismo sexual. As fêmeas de T. bahiensis são capazes de controlar diferentes fases da corte obrigando os machos a utilizar comportamentos de estímulo, ao invés de coerção, para serem aceitos. A exibição de cortejo copulatório pelos machos é um forte indicativo da existência de seleção críptica feminina em T. bahiensis, sendo uma estratégia reprodutiva para estimular a fêmea a aceitar os espermatozoides do macho durante a aquisição do esperma. Apesar da época reprodutiva compreender o ano todo, os meses de maior atividade sexual são novembro a abril. O tamanho de prole na primeira parição é 2-25 filhotes (n=76). Além disso, T. bahiensis é capaz de produzir 1-4 proles com uma inseminação. O tempo de gestação é 2,5-12,8 meses e, apesar da capacidade de parir o ano todo, a maioria das parições ocorreu nos meses quentes, sobretudo, entre novembro e janeiro (X2=164,912; g.l.=11; p<0,001). Adicionalmente, o tamanho de prole é correlacionado com o tamanho corpóreo materno (rs=0,593; p=0,042; n=12). Assim, fêmeas maiores produzem mais filhotes e, portanto, apresentam maior investimento reprodutivo.