Dinâmica e padrões espaciais de segregação residencial: análise do caso de Marília/SP entre 2000 e 2010 através de índices de segregação e modelagem baseada em agentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Araujo, Agnes Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-01122020-170258/
Resumo: No início dos anos 2000 o país passou por mudanças políticas e econômicas que provocaram uma redução nas desigualdades sociais. O senso comum supunha que, como consequência da diminuição dessas desigualdades, a segregação também seria minimizada. Evidências empíricas, no entanto, apontam que houve um aumento na segregação nos espaços metropolitanos. Poucos estudos, porém, buscam analisar o grau e a alteração nos padrões espaciais da segregação nas cidades médias, entre 2000 e 2010, a partir de uma perspectiva quantitativa. Além disso, apesar de pesquisas qualitativas concluírem que a segregação aumentou nas cidades médias, neste período de tempo, em decorrência de processos de multiplicação e diversificação dos desenvolvimentos imobiliários no estilo condominial, redefinições nas relações de centro-periferia e valorização de setores específicos destas cidades, existe uma lacuna entre estas formulações teóricas sobre processos e a dinâmica da segregação no período, e pesquisas que testem efetivamente essas hipóteses. Esta tese visa a contribuir com a redução das lacunas mencionadas a partir de duas abordagens metodológicas complementares que requerem ferramentas distintas. A primeira, objetiva comparar e quantificar o grau da segregação, além de analisar as transformações/manutenção nos seus padrões espaciais a partir de índices de segregação. A segunda visa a testar hipóteses teóricas, de maneira espacial e temporalmente explícita, sobre a dinâmica da segregação no período, utilizando um modelo de simulação baseado em agentes. Os resultados dos índices revelam que, em Marília, no período, houve a manutenção dos padrões espaciais de segregação em macroescala e um agravamento em microescala. Foi possível verificar um aumento na segregação dos grupos de alto (renda de dez a 20 salários mínimos e acima de 20 salários mínimos) e de baixíssimo nível socioeconômico (até dois salários mínimos). Os grupos de alto nível socioeconômico encontram-se mais isolados no setor centro-leste da cidade, enquanto o de baixíssimo nível socioeconômico encontra-se mais concentrado e isolado nas zonas periféricas localizadas ao norte e sul da cidade. Os exercícios de simulação do modelo baseado em agentes, por sua vez, apontaram que a emergência de novos empreendimentos imobiliários no estilo condominial, desenvolvidos para atender a demanda habitacional dos grupos de alto nível socioeconômico e localizados no setor centro-leste da cidade, contribuíram para agravar o isolamento destes grupos nestas localidades. A multiplicação e diversificação dos condomínios fechados, somados a outros mecanismos como: a valorização do setor-centro leste da cidade e os efeitos de dependência (path-dependence), ou das trajetórias históricas de ocupação, também contribuíram para o aumento da segregação dos grupos de baixo nível socioeconômico, mantendo as habitações acessíveis à população de baixo nível socioeconômico nas áreas periféricas. As simulações, ainda, apresentaram projeções futuras de aumento da segregação dos grupos de baixo e baixíssimo nível socioeconômico nas áreas periféricas ao sul e norte da cidade em decorrência da alocação empreendimentos pertencentes à da faixa 1 do programa \"Minha Casa, Minha Vida\".