Características de personalidade e recursos adaptativos de crianças e adolescentes com câncer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Guimarães, Ana Luísa Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-12032017-113727/
Resumo: O adoecimento oncológico pode ser compreendido como significativo fator de risco ao desenvolvimento infanto-juvenil, fazendo-se relevante compreender as estratégias de organização psíquica diante do câncer e seu tratamento, para oferecer adequada assistência profissional a crianças e adolescentes com neoplasias. Em revisão sistemática da literatura científica nacional e internacional, notou-se que predominavam, nas pesquisas da área, temas relativos a dificuldades vivenciadas pelas crianças/adolescentes, dinâmica familiar, intervenções focais e enfrentamento do adoecimento, porém com diversidade de parâmetros e métodos, dificultando adequada avaliação das variáveis influentes no processo adaptativo de indivíduos em desenvolvimento acometidos pelo câncer. Nesse contexto, este trabalho teve por objetivo avaliar características de personalidade e recursos adaptativos de crianças e adolescentes em tratamento oncológico. Foram avaliados 40 escolares, de sete a 17 anos de idade, de ambos os sexos, residentes no interior do Estado de São Paulo, divididos em dois grupos: Grupo Clínico (G1, n=20, pacientes em tratamento oncológico em hospital-escola público) e Grupo de Comparação (G2, n=20, crianças e adolescentes com desenvolvimento típico, selecionados por balanceamento a partir das características etárias e de escolaridade de G1). Os participantes foram voluntários devidamente autorizados a participar do estudo por seus pais/responsáveis, bem como assentiram livremente com a pesquisa. Os instrumentos Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF), Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e o Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ) foram aplicados individualmente com os pais/responsáveis, em ambiente adequado. O Teste das Matrizes Progressivas de Raven, Método de Rorschach (Escola Francesa) e Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister foram aplicados com as crianças e adolescentes, também em sessões individuais realizadas em ambiente adequado. Os resultados foram sistematizados conforme respectivos padrões técnicos dos instrumentos utilizados, realizando-se análises descritivas (média e desviopadrão) e análises inferenciais (Teste t de Student ou Teste chi-quadrado, utilizando-se nível de significância de 5%), comparando G1 e G2. Os principais resultados indicaram predominância de semelhanças entre crianças e adolescentes que vivenciam o adoecimento oncológico e seus pares saudáveis, em termos de funcionamento psicológico geral. Foi verificado que, diante das demandas impostas pelo adoecimento e seu tratamento, crianças e adolescentes desenvolvem restrições em relação às manifestações emocionais, priorizando o autocontrole a partir da exacerbação do funcionamento lógico, com sinais de maior inibição e intelectualização nos participantes de G1. Depreende-se, portanto, que apesar do impacto do adoecimento oncológico, crianças e adolescentes em tratamento evidenciaram indicadores de manutenção do funcionamento adaptativo e preservação dos recursos familiares. Neste contexto, a inibição ou supressão de aspectos emocionais pareceu configurar possível fator protetor ao desenvolvimento, na medida em que os demais elementos do funcionamento mental, essenciais para adaptação ao tratamento oncológico, sinalizaram-se preservados.