Utilização de snack com elevado conteúdo de ferro em pré-escolares para controle da anemia ferropriva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Moreira, Regilda Saraiva dos Reis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9131/tde-23112022-191207/
Resumo: Apesar de possuir enormes vantagens agronômicas e elevado potencial nutritivo, o grão-de-bico (Cicer arietinum), L) é pouco cultivado no Brasil, por não fazer parte do hábito alimentar brasileiro. Os subprodutos da indústria de carne, embora ricos em nutrientes, principalmente proteínas, ferro e vitaminas, são subutilizados por não apresentarem padrão organoléptico adequado. A deficiência de ferro é a mais comum desordem nutricional no mundo e afeta mais de 1 bilhão de pessoas. A anemia ferropriva é uma das doenças carenciais de maior prevalência entre as crianças menores de 5 anos. Alguns compostos tem sido pesquisados, na busca de uma forma biodisponível que garanta o fornecimento adequado do mineral e que seja economicamente viável. Foi desenvolvido um extrusado (\"snack\") de grão-de-bico, pulmão bovino e milho, rico em proteínas, vitaminas e minerais (principalmente o ferro). Este trabalho teve por objetivo avaliar o impacto, da utilização na dieta desse extrusado (\"snack\"), na prevalência da anemia ferropriva em crianças préescolares de creches municipais da cidade de Teresina - Piauí. Para isso, foram estudadas 260 crianças (130 em cada creche), na faixa etária de 2,8 a 6 anos, de ambos os sexos, alunas de duas creches municipais da zona norte de Teresina, com o mesmo padrão alimentar, localizadas em bairros próximos, os quais possuem as mesmas condições sócio - econômicas e culturais, foram divididas em dois grupos: grupo 1 - intervenção - o qual consumiu a dieta habitual da creche e o \"snack\" de grão-de-bico, pulmão bovino e milho e grupo 2 - controle - que consumiu apenas a dieta habitual da creche. O grupo 1 ingeriu durante dois meses e uma semana (68 dias), um pacote de 30 g de \"snack\", 3 vezes por semana, sendo fornecido em cada pacote 2,22 mg de Fe. Fez-se a determinação da concentração de hemoglobina antes da intervenção, imediatamente após e passados 7 meses do término da mesma. Concomitantemente foi realizada a avaliação nutricional, por meio da antropometria, utilizando-se como indicador o índice P/I de todas as crianças antes e imediatamente após a intervenção. Os resultados mostraram um percentual de anemia, no universo de 260 crianças, em torno de 62,3% e após o estudo passou para 34,6%, sendo que no grupo onde foi administrado o \"snack\" como suplemento alimentar o percentual de crianças anêmicas era 61,5%, ao término da intervenção estava em torno de 11,5% e sete meses depois do final da intervenção esse percentual elevou-se para 75,4%, provavelmente devido a não ingestão mais do suplemento (\"snack\"), agravada também pela não administração de sulfato ferroso. Na creche controle a prevalência inicial de anemia era 63,1 % e ao término do estudo estava em 57,7%, nos revelando que com a utilização do \"snack\" tivemos um impacto considerável na prevalência de anemia em comparação com o grupo que ingeriu apenas a dieta habitual da creche. Em relação ao estado nutricional em se tratando do indicador peso/idade (P/I), antes do experimento a prevalência abaixo do percentil 3, no grupo intervenção, era 6, 9% e entre os percentis 3 e 10 era 25,4%; após a intervenção passou para 3,8% e 16,1 %, nos percentis abaixo de 3 e entre 3 e 10, respectivamente. No controle, no começo do trabalho, a prevalência era 10,0%, abaixo do percentil 3, e nos percentis 3 e 10 era 16,9%, continuando em 10% abaixo do percentil 3 e ocorrendo uma melhora entre os percentis 3 e 10, passando para 15,4%. Concluiu-se que o produto oferecido foi capaz de reduzir significativamente a prevalência de anemia para níveis aceitáveis e que também é eficaz na redução dos índices de desnutrição entre as crianças estudadas, embora sem alcançar significância estatística foi capaz de reduzir a prevalência de desnutrição avaliada pelo índice peso/idade, com uma intervenção simples que é uma opção bastante viável e efetiva.