Significados atribuídos ao consumo de maconha por pessoas com diagnóstico de esquizofrenia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rufato, Lívia Sicaroni
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-10112016-133000/
Resumo: Segundo a Organização Mundial de Saúde a esquizofrenia é um transtorno incapacitante de curso crônico caracterizado pela presença de alucinações e delírios. Alguns trabalhos apontam que o uso de maconha em pessoas com diagnóstico de esquizofrenia pode agravar os sintomas positivos da doença enquanto age positivamente sobre os sintomas negativos. Estudos qualitativos têm surgido na área com o objetivo de compreender os significados que pessoas com diagnóstico de esquizofrenia atribuem ao uso da substância. Esses estudos trazem que essas pessoas possuem uma visão positiva a respeito do uso, que este proporcionaria a elas um estado de relaxamento e alívio de suas tensões, além de relatarem aumento de criatividade e o uso da maconha como forma de atingir um estado espiritual mais elevado, assumindo um caráter de automedicação. Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivo conhecer os significados que pessoas com esquizofrenia atribuem ao uso de maconha. Para isso, foi realizado estudo qualitativo, com referencial metodológico clínico-qualitativo. Os participantes foram selecionados em um serviço público de saúde mental especializado em álcool e drogas do interior de São Paulo. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada. Os critérios de inclusão no estudo foram: estar em atendimento, ou ser oriundo do serviço selecionado; ter diagnóstico de esquizofrenia segundo a CID-10; fazer uso de maconha ou ter feito uso no ano anterior a entrevista; ter mais que 18 anos e não fazer uso de outra droga ilícita, como cocaína ou crack. Foram realizadas um total de 10 entrevistas. Os participantes da pesquisa eram todos do sexo masculino e tinham em média 28 anos de idade. Foram levantadas quatro categorias a partir da análise das entrevistas: a) Percepções a respeito do adoecimento, onde os participantes relatam o preconceito e estigma que envolve o diagnóstico e como alguns sintomas da esquizofrenia os incapacitam para atividades cotidianas; b) Uso de maconha, este iniciado, em sua maioria, na adolescência e sempre na companhia de amigos; c) Esquizofrenia e maconha, onde discursos relacionados sobre aumento de criatividade, capacidade de organizar o pensamento, vivências de espiritualidade e melhora na qualidade do sono se fizeram presentes e d) Tratamento, onde a busca pelo tratamento partia sempre de algum familiar. É importante conhecermos a visão dessas pessoas a respeito do uso de maconha para compreendermos o que sustenta a manutenção deste, além de fornecer novos elementos na construção de um olhar crítico sobre este fenômeno.