Os transtornos do sono em pacientes com doença de Parkinson estão associados ao risco de morrer ou desenvolver demência?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Freitas, Samuel Antonio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-30062023-090533/
Resumo: Introdução: A doença de Parkinson (DP) é a causa mais comum de parkinsonismo, síndrome caracterizada por bradicinesia, rigidez muscular e tremor de repouso. Sua prevalência aumentou no último século, sendo a segunda doença neurodegenerativa mais comum. Suas causas ainda não estão estabelecidas, com fatores ambientais e genéticos aparecendo como candidatos potenciais. Seu tratamento está centrado no emprego de fármacos com atividade dopaminérgica, todavia incapazes de modificar o curso da doença. Dentre os distúrbios não motores, destacamos os transtornos cognitivos e de sono, muitas vezes precedendo em anos os sintomas motores. A prevalência de DP-CCL e DDP pode variar de 25% a 80% em ambulatórios especializados. O sono representa a \"suspensão reversível da interação sensório motor com o ambiente, geralmente associada à imobilidade\". Tem sido postulado sua importância para a plasticidade neuronal, consolidação da aprendizagem e clearance de substâncias amiloides, onde a perturbação na quantidade e qualidade do sono, parecem influenciar negativamente a cognição. Objetivo: Investigar se a presença de transtornos do sono estão relacionados à evolução da perda cognitiva e à sobrevida de pacientes com DP após 10 anos. Métodos: Através de um estudo de coorte, foram reavaliados 43 dos 79 indivíduos avaliados na etapa I. Os pacientes foram submetidos a reavaliação cognitiva seguindo os critérios propostos pelo algoritmo nível 2 de Dubois, 2007 e DP- CCL MDS, 2013. Resultados: Na etapa II foram avaliados 55% dos pacientes da etapa I. O tempo médio entre as duas avaliações foi de 105,8 meses. A amostra II foi composta por pacientes mais idosos (p<0.001), com menor escolaridade (p<0.001), usando antidepressivos com maior frequência (p=0.001), com sintomas mais graves (p<0.001), em estágios mais avançados da doença (p<0.001) e com desempenho inferior nos escores totais de MEEM e MDRS. Houve predominância de mulheres e menor escolaridade entre os pacientes que faleceram (X²(1)= 2,88, p = 0,009). O uso de antidepressivos e o tempo de sono REM, na valiação inicial, foi proporcionalmente maior entre os pacientes que sobreviveram (X²(1)= 4,597; p= 0,032). Menor declínio cognitivo mensurado pela MDRS mostrou associação com menor dose diária equivalente de levodopa (&rho;=0,604; p<0,001). Maior declínio cognitivo no MEEM foi relacionado a maior sonolência diurna medida pela escala de Epworth (&rho;=0,414, p=0,009) e menor proporção de sono N1 (&rho;= - 0,404, p=0,012). O maior declínio no domínio de memória em MDRS foi relacionado a menor porcentagem de sono total despendido na fase N1 (&rho;= -0,364, p= 0,025) e como total de minutos em sono REM (&rho;= -0,395, p= 0,25). A sobrevida geral da amostra foi de 79% em 62 meses. Pacientes com DDP tem o risco relativo para óbito aumentado em 4,74 vezes, com homens tendo 73% menor risco relativo de morte. Conclusão: Pacientes com DP apresentam evolução mais favorável quando foram associados a serem mais jovens, ter maior escolaridade, usar doses equivalentes menores de levodopa e ter menos sonolência diurna.