Entre ajustes e desajustes: representações do trabalho docente no campo educacional brasileiro e as Conferências Internacionais de Instrução Pública do BIE/UNESCO (1950-1970)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Costa, Marina Mendes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-18012023-123055/
Resumo: Esta tese refere-se ao estudo das representações do magistério primário em um contexto de projetos de reforma educacional no Brasil, durante as décadas de 1950 a 1970, considerando o cenário de intensa circulação de saberes sobre a prática docente em um âmbito internacional. A investigação pautou-se na perspectiva dos estudos da história cultural da educação no Brasil, com foco nas abordagens da história das emoções e da circulação transnacional de ideias e políticas educacionais. O principal objetivo é lançar luz sobre um processo ainda pouco analisado historicamente: a geração de regimes emocionais para o magistério primário, por meio das propostas de formação inicial e do aperfeiçoamento em serviço, como parte do processo de racionalização do trabalho docente. Para isso, foram analisadas representações sobre o trabalho docente encontradas nas resoluções das Conferências Internacionais de Instrução Pública da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Bureau Internacional de Educação (BIE). Como forma de contemplar parte da produção científica do campo educacional, foram estudados os artigos da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) e as publicações dos Centros Regionais de Pesquisas Educacionais (CRPEs). O período considerado para o estudo compreende o acordo de cooperação entre a UNESCO e o BIE, que previa a participação das duas instituições para a chamada das Conferências de Instrução Pública. O contexto do pós-guerra ao qual corresponde esta pesquisa é potencial para a análise das representações do trabalho docente, pois trata-se de um momento de reconstrução do projeto educativo e, portanto, de reformulação da representação da identidade das professoras. O período também corresponde a um marco na consolidação da pesquisa em educação no Brasil, com a instalação dos Centros Regionais de Pesquisa em cinco estados brasileiros, em 1955, por intermédio de um acordo com a UNESCO. Em um contexto no qual a educação nacional passava por intervenções internacionais, com o objetivo de desenvolver a educação pública e elevar os índices de alfabetização, as Conferências Internacionais de Instrução Pública marcaram um local de discussão de metas em comum para os países pertencentes ao BIE e de entrega de relatórios sobre as estratégias feitas nesses países. A análise das fontes considerou a perspectiva de história transnacional da educação, na medida em que os saberes e as representações produzidas pelas recomendações das CIIP circularam amplamente pelos países membros do BIE, sendo incluídos também nas publicações da RBEP e dos CRPEs. O estudo das fontes permitiu compreender um movimento de intensa circulação de representações sobre o magistério primário, que, apesar de se fundamentarem em uma teorização científica sobre o ensino, representam a docência, considerando também aspectos subjetivos do professor primário, como sua moral e sua personalidade. Isso indica, portanto, um movimento que buscava também o controle das subjetividades do magistério, objetivando a incorporação dos saberes indicados como científicos para a prática de ensino. Desse modo, foi considerada a análise do trabalho docente a partir das lutas de representação sobre os processos de profissionalização produzidos a partir da posição ocupadas pelos agentes no campo educacional e que, logo, produzem representações sobre os mais diversos aspectos do trabalho docente, como condições de trabalho, prática pedagógica e carreira profissional.