Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Siqueira, Alexander Boarutto Azevedo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-01022024-184545/
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Resumo: |
Em artigo de 1962, Robert Drake chamou atenção para o pouco – e, em geral, superficial – interesse da crítica pela obra de Saki (Hector Hugh Munro), bem como para a necessidade de um reexame mais sério de seu trabalho. Passados mais de cinquenta anos, esse reexame permanece por fazer, dado o ainda pequeno volume de material disponível sobre Saki, especialmente em língua portuguesa. Já o escritor americano O. Henry (William Sydney Porter), apesar de ter alcançado êxito com o público e a atenção de críticos como Boris Eichenbaum, foi considerado pela crítica de sua época um escritor superficial. Tendo em vista a escassez de trabalhos dedicados aos dois, o fato de serem contemporâneos, a pecha de escritores “para serem lidos, não estudados” e, sobretudo, certa afinidade de seus métodos narrativos – mais especificamente a maneira como usam a ironia –, realizamos um estudo comparado dos contos de O. Henry e Saki. Optamos pelo estudo comparatista por considerarmos que os elementos em comum – mesma língua, época e a forma literária na qual se destacaram – e os elementos contrastantes entre os dois contistas – diferença de país, de espaço (cidade – campo) e, sobretudo, de classe – trazem à luz aspectos que os tornam únicos. Nossa hipótese de leitura argumenta que a ironia tem papel fundamental na produção do efeito desses contos, sendo utilizada de maneira semelhante, mas com finalidade e consequências totalmente diversas: em O. Henry, sobressai a dimensão humana e a empatia com os párias; em Saki, a subversão da ordem estabelecida. Observamos também a importância do humor, que, além de frequente, é indissociável da ironia; a relação e a distinção entre esses dois conceitos é discutida ao longo da dissertação. Como conclusão, ressaltamos que O. Henry apresenta uma crítica fatalista da vida na metrópole e do mito do sonho americano. Por sua vez, ao satirizar a classe média proprietária de terras na Inglaterra eduardiana, Saki acaba por produzir uma ácida crítica dos valores britânicos, expondo a vacuidade das normas sociais de sua época. No caso de O. Henry, chamou atenção uma dimensão tragicômica; no caso de Saki, a ideia nietzscheana de tragédia como reafirmação e manifestação da vida por meio da morte e da mudança. Nosso estudo defende, finalmente, a importância desses dois grandes contistas para os debates sobre ironia e humor e para a Teoria do Conto moderno. |