Aspectos temporais do trabalho sócio-simbólico para a continuidade do Museu Nacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sediyama, Gislaine Aparecida Santana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-13042023-150544/
Resumo: Em situações traumáticas, para evitar a perda da perspectiva da continuidade da organização, seus líderes ou outros grupos interessados podem adotar estratégias discursivas para construir o senso de continuidade na direção de uma trajetória futura idealizada. A perspectiva de trabalho sócio-simbólico, em uma abordagem processual, já vem discutindo ações discursivas para construção de objetos simbólicos em torno dos quais as pessoas mudam seu entendimento e sua trajetória. A tese segue uma filosofia de processos e traz um caso da inversão do senso organizacional de \"continuity of becoming\" para \"becoming of continuity\", em organizações que passam por um sério evento disruptivo na sua trajetória. Realizamos um estudo qualitativo, indutivo, do caso do incêndio no Museu Nacional, a partir do incêndio de setembro de 2018 que destruiu acervos e o Palácio de São Cristóvão, que era a sede administrativa e local das principais e históricas exposições do Museu. A análise longitudinal foi feita ao longo de quatro anos, de setembro de 2018 até dezembro de 2022, acompanhando diariamente a repercussão nacional e internacional do incêndio e, em seguida, os eventos promovidos pelo Museu, assim como todas as ações em torno da reconstrução. Foram também realizadas entrevistas com membros do Museu que estiveram envolvidos no início do movimento da reconstrução. A presente tese usa a ontologia de processos para tratar a temporalidade do trabalho sócio-simbólico em organizações. A tese também usa a teoria de paradoxos organizacionais para analisar a tensão emergente em torno da solução de arquitetura a ser adotada na reconstrução do Palácio, um edifício-monumento tombado. A tese é composta por duas análises. Na primeira, é analisada a temporalidade de dois conjuntos de ações de trabalho sócio-simbólico liderados pelo Diretor do Museu e pelos líderes do resgate de coleções, que se prolongam no tempo e formam os chamados \'programas de ação\'. A análise conclui que os elementos de temporalidade afetam a dinâmica do trabalho sócio-simbólico. Na segunda análise, discute-se o paradoxo organizacional que emergiu durante o trabalho sócio-simbólico realizado pelo diretor na formação dos programas de ação. Com a divulgação da proposta arquitetônica para o \'novo\' Palácio houve intensas críticas ao que o projeto refletia, levando a direção do Museu a alterar o trabalho sócio-simbólico para amenizar as tensões do paradoxo. Esse novo trabalho simbólico seguiu o fluxo da separação espacial-temporal trazida pelo próprio processo de reconstrução de um edifício-monumento tombado. Neste caso, o líder percebe os ganhos deixados pela separação espacial-temporal do paradoxo e adequa sua estratégia de trabalho sócio-simbólico. As análises juntas indicam que o trabalho sócio-simbólico contém elementos temporais que devem ser considerados em estudos em que eventos disruptivos liberam tensões entre legado e trajetórias futuras.