Análise quantitativa do PET-CT ao diagnóstico e interim, como fator prognóstico dos desfechos clínicos de pacientes com linfoma de Hodgkin clássico: experiência de um único centro brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Fernanda Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5167/tde-15062023-163234/
Resumo: Atualmente o PET interim (PETi), em análise visual segundo o escore de Deauville (DS), é o fator prognóstico mais importante em linfoma de Hodgkin (LH), guiando as decisões terapêuticas. No entanto, os resultados dos estudos em PETi são heterogêneos, destacando que essa ferramenta prognóstica não é perfeita, sendo necessária a busca por novos fatores. O objetivo deste estudo é avaliar o valor prognóstico da análise quantitativa do PET-CT ao diagnóstico (PET0) e no PETi, definida como valor máximo de captação padronizado (SUVmax), volume metabólico tumoral total (TMTV) e glicólise total das lesões (TLG), numa coorte de vida real. Métodos: Pacientes (pts) registrados no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, com diagnóstico de LH clássico entre 2011-2017, estadiados com PET-CT e tratados com o protocolo ABVD, foram incluídos neste estudo retrospectivo. HIV+ foram excluídos. TMTV/TLG foram calculados utilizando o limite de 41% do SUVmax de cada lesão, segundo a Associação Europeia de Medicina Nuclear. Pacientes com PETi+ tiveram a redução percentual em relação ao PET0 calculada (SUVmax, TMTV e TLG). As variáveis foram dicotomizadas pelo método de Contal O\'Quigley. Foram estimadas a sobrevida livre de progressão (SLP), a sobrevida global (SG) e a incidência acumulada de falha de tratamento (CIF), tendo o óbito como competidor. Modelo de Cox e de Fine-Gray foram utilizados para análise. Resultados: 234 pts foram incluídos, com idade mediana de 30 anos (14-79), sendo 56% do sexo feminino, 59,4% em estádio III/IV, 70,5% com sintoma B, 68,3% com escore de alto risco (critério GHSG) e 57% com massa bulky. Dos 210 pts com PETi realizados (90%), 52 (24.7%) eram positivos (DS 4-5). Com mediana de seguimento de 6,8 anos, a SG, SLP, CIF e óbito não relacionado à progressão/recaída estimados em 5 anos foi de 85,1%, 71,1%, 21,5% e 7,4%, respectivamente. Ao diagnóstico, pts com TLG1392.55 tiveram maior CIF (p=0,032). Não foi observado impacto estatisticamente significativo da análise quantitativa (SUVmax, TMTV ou TLG) na SLP ou SG. Na análise multivariada, somente o PETi+ (p< 0,001) e a proteína C reativa (PCR)(p=0,039) se mantiveram preditores de CIF, e o PETi+ (p=0,019), a idade dos pacientes 45 anos (p=0,011) e a PCR (p=0,043) foram associados com pior SLP. Na análise quantitaviva do PETi+ somente o SUVmax68,8 foi preditor de SLP (p=0,024). A análise combinada do PETi visual (DS) com a quantitativa (SUVmax68,8%) permitiu distinguir um grupo com melhor SLP dentre os pts com PETi+, sendo 77% para aqueles com SUV68,8 e 40% aos pts com SUVmax<68,8 (p=0,0028) em 5 anos. Conclusão: Numa coorte de vida real, constituída em sua maior parte por pts em estádio avançado e com grande volume tumoral, a análise quantitativa ao PET0 não foi preditora de SG, SLP ou CIF. No entanto, o SUVmax<68.8% foi estatisticamente associado com diminuição da SLP no subgrupo de pacientes com PETi+. Estes resultados devem ser confirmados em maiores series de pacientes e sugere a utilização do PETi+ com cálculo do SUVmax como instrumento para guiar tratamento em estudos clínicos futuros