Contribuição da cintilografia com metaiodobenzilguanidia-123 na predição da resposta pressórica e na quantificação da denervação simpática renal em pacientes com hipertensão arterial sistêmica resistente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Zeller, Carlos Borelli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98131/tde-14072023-081211/
Resumo: INTRODUÇÃO: A denervação renal (DSR) é eficaz e segura na redução da pressão arterial em pacientes hipertensos resistentes. Alguns preditores de sucesso já foram identificados, mas ainda precisamos de um método que nos permita quantificar e identificar os indivíduos respondedores. A cintilografia com ¹²³I-meta-iodobenzilguanidina (MIBG-123I) é um método diagnóstico que quantifica a atividade nervosa pré-sináptica específica dos órgãos. OBJETIVOS: avaliar a captação renal e cardíaca de MIBG-123I como método de quantificação da denervação renal e o potencial da cintilografia como método para selecionar pacientes candidatos à melhor resposta de redução pressórica com a denervação renal. MÉTODOS: De março de 2018 a dezembro de 2022, selecionamos 39 pacientes em estudo prospectivo, randomizado, unicêntrico, duplo-cego e placebo controlado (2:1). Vinte e seis pacientes foram submetidos a DSR e 13 pacientes foram submetidos angiografia. Características demográficas, MAPA, testes laboratoriais e parâmetros cintilográficos foram comparados entre e dentro dos grupos. RESULTADOS: Os dados demográficos demonstram uma população com elevado risco cardiovascular. O tempo médio de hipertensão foi de 19,5 ± 11,4 anos. Parâmetros do MIBG-123I de captação e washout entre grupos de DSR e controle foram semelhantes na linha de base, 1 e 6 meses após DSR, demonstrando, em no nosso estudo, que os parâmetros cintilográficos não foram capazes de detectar alterações causadas por DSR. O número de ablações realizadas por paciente no grupo DSR foi de 77,12 ± 6,91. Observamos uma queda significativa dos valores da MAPA 1 mês após DSR, com queda média da PAS de 21,17 mmHg e PAD de 13,25 mmHg e queda da PAS de 12,62 mmHg e PAD de 6,96 mmHg aos 6 meses. O número de anti-hipertensivos prescritos no grupo DSR foi reduzido de 6,8 ± 0,7 para 5 ± 1,7 no tempo 2 (p=0,0008) e 5,5 ± 1,8 no tempo 3 (p=0,01). As análises dos subgrupos mostraram que os respondedores tinham, na linha de base, RCM 15 inferior à do grupo não respondedor, tanto em relação PAS MAPA (p=0,01), PAD MAPA (p=0,03) e PAS NOTURNA (p=0,008). Assim, os pacientes com menor RCM 15 são mais propensos a responder à DSR. A RCM 15 basal obtida na variação PAS MAPA foi um bom preditor da probabilidade de resposta ao procedimento (respondedor) com área sob a curva de 0,78. Nos modelos de regressão logística para prever a hipótese de resposta à DSR utilizando PAS MAPA, observamos que RCM 15 surge como um preditor de resposta com OR (Odds ratio) de 0,002 (intervalo de confiança de 90% 0-0,4984, p 0,07), sendo que o aumento de RCM 15 basal em 0,1 unidade aumenta a chance em 85% do indivíduo ser um não respondedor no modelo que define R pela PAS MAPA e em 48% no modelo que define R pela PAD MAPA. CONCLUSÃO: Não observamos nenhum parâmetro cintilográfico renal significativo com ¹²³I-mIBG após DSR entre e dentro dos grupos DSR e controle. Na subanálise do grupo submetido ao DSR, a variável cintilográfica cardíaca RCM 15, dentre outras, pode ajudar na seleção de pacientes candidatos a DSR, aumentando a possibilidade de identificar os respondedores ao procedimento, e devem ser consideradas como geradoras de hipóteses para estudos especificamente concebidos para este fim.