Você me abre os braços e a gente faz um país: construindo um país psíquico para a parentalidade de mães em vulnerabilidade no contexto da intervenção mãe-bebê

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Geraldini, Stephania Aparecida Ribeiro Batista
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-20082020-151832/
Resumo: Os bebês nascem equipados para se relacionar com os seres humanos. No entanto, não sobrevivem se não forem cuidados. Por sua vez, o lugar do pai e da mãe não está garantido com o nascimento do filho, fazendo-se necessário a sua construção. A parentalidade é um processo longo, que abarca os aspectos inter e transgeracionais do que é transmitido psiquicamente entre as gerações, e que influenciará na forma como poderão exercer a função parental. As dificuldades inerentes ao estabelecimento do vínculo pais-bebê e o estabelecimento da parentalidade podem se amplificar quando há a presença de vulneralidades que impactam a vida psíquica de ambos. Assim, a finalidade deste estudo é iluminar os estados psíquicos de mães que tiveram um bebê após terem um filho diagnosticado com TEA, e como se deu para elas a construção da parentalidade, ao terem que lidar com as especificidades dessa vulnerabilidade, bem como as suscitadas pela condição de ser mãe migrante. Por meio de uma pesquisa qualitativa, balizada teoricamente pela psicanálise, se estudou três mães brasileiras e três bolivianas, e seus bebês. Foram propostos 12 encontros com cada díade. O instrumento utilizado foi o da intervenção na relação mãe-bebê, pelo qual foi observado como se dava a interação entre eles e deles com as pesquisadoras, e se buscou intervir no vínculo. Foram verificadas possíveis confluências e divergências presentes no material, a partir da análise separada de cada caso. Tendo em vista os atravessamentos que precisam ser transpostos pela mãe para a efetivação da parentalidade, a pesquisa revelou a importância de se considerar as especifidades vividas pela mulher em relação ao TEA e a migração. O estudo verificou que o isolamento presente nos estados autísticos, também pode ser vivido na migração. Ele foi gatilho para que as seis mães vivessem a solidão e o desolamento no vínculo com os seus bebês, comprometendo a função materna. Por outro lado, serviu para que fossem ouvidas e acolhidas. As dificuldades impostas pelos cuidados com o filho com autismo, a falta de reciprocidade por parte deste às suas investidas, o susto com o diagnóstico e a iminência de sua reincidência impactavam na forma como essas mães viam os seus bebês reais. Igualmente, impactavam na confiança que tinham nas próprias capacidades para desempenharem as funções maternas e, de que não eram as responsáveis por esse transtorno. No caso das mães bolivianas, essas questões pareciam ser secundárias, diante do fato de viverem apartadas da sua cultura e sociedade, não encontrando acolhimento e suporte na nova cultura à sua maneira de parentalizar. A intervenção se mostrou um instrumento pujante para desenvolver ou resgatar competências nas mães e nos bebês, para o estabelecimento e desenvolvimento do vínculo. Por último, se verificou a necessidade de se criar políticas públicas na área da prevenção junto à essas famílias, e de se ampliar a produção científica, no campo da psicanálise, psicologia e saúde pública, onde a temática do autismo, da migração e da parentalidade sejam relacionadas