O turismo no processo de reprodução do espaço urbano litorâneo: uma análise das transformações socioespaciais da cidade de Ilhéus no sul da Bahia a partir de 1990

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Moreira, Gilsélia Lemos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-20082012-121927/
Resumo: A cidade de Ilhéus localizada na região Sul do estado da Bahia, passa por profundas transformações de seu espaço e do cotidiano de sua população local. Mudanças associadas de maneira inexorável ao turismo, importante atividade econômica que se articula à tendência de transformação do espaço em mercadoria. Tal raciocínio se funda no fato de que o turismo, como toda atividade humana, promove algum tipo de mudança sobre os lugares, uma vez que, inserido numa lógica de uma atividade econômica organizada, para acontecer exige à criação de uma infraestrutura capaz de atender a demanda por alimentação, transporte, lazer, hospedagem, entre outros. Além disso, ao se apropriar do espaço, impõe a sua lógica, criando novos espaços, reorganizando e refuncionalizando seu uso. O desenvolvimento do tema se apóia na contradição, que é fundante no que se refere à mercantilização dos espaços que se realiza localmente, inaugurando um movimento que vai do espaço de consumo ao consumo do espaço (CARLOS: 1999). Isso significa dizer, que o acesso ao uso e apropriação do espaço se realiza pela mediação do mercado, acentuando o papel e a força da propriedade do solo. A presente pesquisa tem como objetivo fundamental analisar as transformações socioespaciais da cidade de Ilhéus, a partir dos anos de 1990, período em que ocorreu uma forte desestabilização do setor produtivo, baseado na lavoura cacaueira. Essa crise induziu o processo de ressignificação do turismo em Ilhéus. O clima tropical quente e úmido que favoreceu a atividade cacaueira no passado, associado a um litoral de aproximadamente 100 km de praias, hoje são atributos marcantes que atraem turistas em busca do lazer de sol e mar. Para se adequar ao turismo a cidade passou por um intenso processo de ressignificação. Varias ruas foram transformadas em calçadão, antigos prédios foram restaurados e refuncionalizados. Intensificou-se o adensamento de casas de veraneio e condomínios fechados ao longo da costa. Aumentou de forma expressiva o número de resorts, hotéis e pousadas. No entanto, se observa que tais mudanças estão ocorrendo apenas em determinados fragmentos da cidade. Outras áreas permanecem completamente segregadas em total estado de abandono por parte do poder público. Exemplo dessa realidade é o bairro Teotônio Vilela localizado na zona oeste da cidade. Esse bairro embora, não faça parte do processo de turistificação e da consequente mercantilização da cidade é um espaço necessário. Pois foi um espaço pensado para que a população de baixa renda que não interessa ao capital produtivo ficasse confinada. As ações do poder público incluíram no processo de revalorização apenas os fragmentos da cidade que interessavam ao capital produtivo - as áreas a beira mar, e a região central e histórica de Ilhéus. Espaços como o Teotônio Vilela são necessários para permitir a valorização de outros espaços da cidade e a sua conseqüente mercantilização. Do fenômeno estudado se pode concluir que as transformações promovidas pelo turismo estão produzindo espaços altamente padronizados que aparecem enquanto produção do moderno, uma condição para o avanço e desenvolvimento do modo de produção capitalista que se constitui enquanto totalidade mundial.