Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Machado, André |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-12092018-094615/
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Resumo: |
Analistas do mercado financeiro (conhecidos como sell-side analysts, mas aqui designados apenas como analistas) são importantes intermediários da informação contábil/financeira. Seus relatórios são amplamente disponíveis e utilizados por investidores institucionais e não profissionais. É sabido que os analistas possuem conflitos de interesse e sofrem pressões quando processam as informações financeiras e escrevem seus relatórios de recomendações. Como consequência, analistas costumam escrever relatórios extensos e com um tom e recomendação muito otimistas. Assim, existe uma extensa literatura que examina o detalhe e o tom nos relatórios dos analistas. É sabido também que, em face a esse cenário, o investidor \"ajusta\" a recomendação do analista e utilizado de outros dados, além do relatório do analista, para tomar a decisão de investir, como o tamanho da empresa. Porém, um campo pouco explorado diz respeito às heurísticas e vieses que o analista está propenso a ter. Assim, pouco se sabe em que extensão tais atributos cognitivos influenciam o processo de escrita do analista, bem como a reação do mercado acionário. Por conta dessa incerteza, acadêmicos usualmente atribuem o processo de escrita do analista como sendo uma \"caixa-preta\" (BARKER, 1999b; BROWN, CALL, et al., 2015) e o uso do tamanho da empresa como fator de decisão de investimento como firm size effect (SHEFRIN, 2002). O objetivo principal desta tese é entender se as heurísticas e vieses influenciam o processo de escrita do analista. Também procura aqui determinar se esses mesmos atributos, inseridos nos relatórios dos analistas, funcionam como um gatilho, fazendo o investidor negociar. Como objetivo secundário, espera-se verificar se o efeito tamanho da empresa contribui na decisão do investidor negociar ações dentro de uma janela curta de 3 dias (D-1, D 0, D+1). Logo, esta tese visa contribuir para a rica literatura que trata sobre o papel dos analistas no mercado acionário, no entanto, também espera-se dar um passo adiante ao analisar o papel das heurísticas e vieses na escrita do analista. Como expectativa final, espera-se incentivar novas pesquisas que envolvam processos de julgamento dos analistas e das finanças comportamentais. Para tanto, esta tese procura responder a seguinte questão: Qual é o grau de influência das heurísticas e vieses no detalhe e no tom do relatório do analista e como o mercado acionário reage a tais atributos qualitativos? Esta tese espera também atender ao chamado de Schipper (1991) e Brown (1993) no que diz respeito a mais pesquisas que explorem os atributos qualitativos do relatório do analista. A metodologia que será aplicada aqui será o mixed-methods, em que serão coletados dados qualitativos dos relatórios dos analista e interpretados com análises quantitativas. A análise qualitativa envolverá análise de discurso com o uso de dicionários de termos amplamente utilizados na academia. A análise quantitativa envolverá, além de regressões simples e multivariadas, a aplicação da correlação canônica para analisar como as variáveis qualitativas interagem entre si. A base de dados a ser utilizada será os relatórios completos dos analistas que foram classificados como \"melhores\" analistas pela revista Institutional Investor Magazine por 3 anos consecutivos. Para alcançar esses objetivos, foram coletados 4.593 relatórios completos e analisados mais de 47 mil páginas de relatórios publicados entre os anos de 2012 a 2016. Como achados, descobriu-se que as heurísticas e vieses exercem uma influência positiva (na ordem de grandeza de 64,8%) na forma como o analista escreve, especialmente no que diz respeito ao detalhe. Também notou-se que tais relatórios explicam parte da negociação das ações no período, medida pelo volume negociado numa janela de 3 dias da data de publicação do relatório (D-1, D 0, D+1). Como achado final, foi demonstrado que tais atributos qualitativos isolados funcionam como um gatilho, fazendo o investidor negociar. Quando incluído o tamanho da empresa na análise notou-se um ponto interessante, essa variável, em conjunto com os achados das heurísticas e vieses, demonstra que o investidor não negocia rapidamente. |