Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Furlan, Annie Simões Rozestraten |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-30072007-140242/
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Resumo: |
O objetivo deste trabalho é investigar a questão da pintura na filosofia de Merleau-Ponty. Inicialmente inscrita nos quadros de uma filosofia da existência, e depois, com maior destaque, nos quadros de uma ontologia. A questão da arte, particularmente a pintura, surge como meio privilegiado de investigação das nossas relações mais surdas e secretas com o Ser, ou com isso que Merleau-Ponty chamava de camada pré-reflexiva de sentido de mundo, anterior às teses de nossa linguagem. Isso porque a atividade da pintura revela os meios da visibilidade, que nosso olhar cotidiano deixa para trás e esquece a favor do mundo constituído culturalmente. Ou seja, habitamos um mundo que esquece suas premissas, e a tarefa do pintor, especialmente a de Cézanne, é recuperar o contato do olhar com este mundo inabitual. Nesta relação originária do corpo com o mundo, destaca-se, na obra de Merleau-Ponty, uma nova concepção de profundidade, que não é apenas do espaço, mas do corpo, e também das coisas. Merleau-Ponty apontou para esta noção em seus ensaios sobre arte, na tentativa de recolocar em questão a atividade artística como atividade que revela a implicação entre o mundo percebido e a corporeidade. Percebeu na profundidade a implicação da reversibilidade do corpo: a visibilidade a que se abre o vidente é também a de seu corpo visível, que é ao mesmo tempo vidente e visível, senciente e sensível. O autor afirma que, uma vez que este entrecruzamento está dado, aí estão, igualmente, colocados todos os problemas da pintura. Sendo assim, a pintura revela o enigma do próprio corpo. Minha visão se faz nas coisas e me apreende ao mesmo tempo no meu olhar desdobrado diante de mim, entrelaçamento que possibilita uma visibilidade secreta, ou um duplo carnal. O filósofo desenvolve o termo ?carne? para denominar este ?entre? o vidente e o visível, abertura de um ao outro, e passagem de um no outro, que define nosso acesso ao Ser. Percorremos algumas questões: entre o mundo percebido e o ato expressivo, o que é a atividade do artista, senão uma coerência com a visibilidade que o provoca e, portanto, que mal se desprende do espetáculo do mundo? Como o pintor ou o poeta expressariam outra coisa senão seu encontro com o mundo? E o que buscam neste encontro, senão uma relação mais verdadeira, sem ser uma verdade que se assemelhe ao mundo, mas coerente em seu encontro, isto é, capaz de expressar o invisível que anima a relação do olhar com a visibilidade, ou do sentir com a realidade? Neste movimento de pensamento, que inicialmente enfatiza uma nova idéia de Razão ou de Verdade através da atividade do olhar, chega-se, por fim, à noção de desejo ou de corpo libidinal. Perceber é desejar, movimento inscrito na abertura do Ser sensível, que inaugura as trocas entre o corpo e as coisas, em que o olhar ou a visibilidade é um elemento privilegiado. |