Resumo: |
A depressão é um grande problema global, que foi agravada com a recente pandemia de COVID 19, o consumo de antidepressivos por parte da população aumentou e consequentemente sua detecção no ambiente. Os antidepressivos são fármacos considerados contaminantes ambientais e podem provocar mudanças comportamentais que afetam a dinâmica das populações mesmo em baixas concentrações. A ecotoxicologia é um ramo da toxicologia que se preocupa com o estudo dos efeitos tóxicos, causados por poluentes naturais e sintéticos, aos constituintes dos ecossistemas. Daphnia magna é um microcrustáceo amplamente utilizado em ensaios ecotoxicológicos agudo e crônico. O objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de antidepressivos residuais como a fluoxetina (FLU), citalopram (CIT), venlafaxina (VEN) e sertralina (SER) em quatro pontos Rio Piracicaba, SP e realizar teste de toxicidade aguda e crônica em Daphnia magna. Para as análises foi utilizada a metodologia de extração em fase sólida (SPE) e um cromatógrafo líquido acoplado a um espectrômetro de massas com fonte de ionização electrospray (HPLC MS/MS). Os parâmetros utilizados para validação seguiram as recomendações da Anvisa. Os ensaios ecotoxicológicos agudos e crônicos com Daphnia magna seguiram as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas e Organisation for Economic Co-operation and Development. Com a realização do teste agudo, determinou-se a CE50 de cada substância, e foi possível realizar uma classificação quanto a toxicidade. Calculou-se o quociente de risco agudo para cada substância. Um teste agudo e crônico foi realizado com a maior concentração ambiental determinada, utilizando as substâncias individuais e suas misturas. No teste crônico foram avaliadas a reprodução, sobrevivência, tamanho dorsal e ventral. O método cromatográfico mostrou-se exato e preciso. Todos os antidepressivos estudados foram detectados nas amostras coletadas, na faixa de concentração de 1,0 a 4,48 ng L-1. A classificação efetuada mostrou que a FLU e o CIT são moderadamente tóxicos, a VEN pouco tóxica e a SER foi considerada muito tóxica. O quociente de risco para os antidepressivos estudados não apresentam risco ambiental agudo para Daphnia magna. Os testes agudos com a mistura dos antidepressivos nas concentrações ambientais não apresentaram organismos mortos ou imóveis. Os testes crônicos demonstraram efeitos na reprodução e tamanho dorsal da Daphnia magna, tanto os realizados com a substância individual quanto suas misturas. O tamanho ventral organismo não foi afetado pela exposição individual das substâncias, porém a mistura dos fármacos CIT.FLU.SER e VEN.CIT.FLU.SER propiciou os efeitos que mais se afastaram do controle. A variável sobrevivência não atingiu as pressuposições para avaliação estatística. Contudo, espera-se que esta pesquisa possa contribuir com o despertar do interesse das autoridades ambientais, para que haja um aprofundamento nos estudos ecotoxicológicos e melhor caracterização dos riscos associados à introdução contínua dessas substâncias no ambiente |
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