Controle Pós-Transcricional do Gene Autoimmune Regulator (Aire) por meio do microRNA-155

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Tanaka, Pedro Paranhos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17135/tde-18122019-153447/
Resumo: O timo é um órgão linfoide primário onde ocorre o estabelecimento da tolerância imunológica central pela eliminação de clones de linfócitos T auto reativos. Precursores de linfócitos T adentram o timo pela junção córtico-medular e são denominados de timócitos. Esses timócitos passam então por dois processos, a seleção positiva (que ocorre no córtex do timo e é mediada pelas células tímicas epiteliais corticais ou cTECs) e a seleção negativa (que ocorre na medula e é mediada pelas células tímicas epiteliais medulares ou mTECs). Durante a seleção positiva, somente os clones de timócitos duplo-positivos (DP) que expressam o receptor TCR?/?+ funcional (que reconhece moléculas de MHC) mais os marcadores CD4/CD8 (TCR?/?+, CD4+, CD8+) são exportados para a medula tímica onde ocorrerá a seleção negativa. Ela ocorrerá sobre os clones de timócitos simples positivos (SP) (TCR ?/?+ CD4+ ou TCR ?/?+ CD8+). As células mTEC expressam uma grande variedade de antígenos restritos a tecidos (TRA) e os apresentam para os timócitos SP. Aqueles clones que reconhecem com alta avidez e afinidade algum desses autoantígenos são deletados por apoptose e isso acaba evitando auto agressividade imunológica periférica. A propriedade das mTECs de expressar uma gama diversa de autoantígenos foi denominada de expressão gênica promiscua (PGE) a qual abrange virtualmente todos os antígenos dos tecidos do organismo. O significado da PGE é essencialmente imunológico e isso garante a representação dos constituintes próprios na glândula do timo e consequentemente o estabelecimento da tolerância imunológica central. O principal controlador da PGE é o gene Autoimmune Regulator (Aire), que age como um fator de transcrição não convencional e promove a expressão de milhares de mRNAs de TRAS nas mTECs. Além disso, Aire também controla a expressão de RNAs não codificadores, como os microRNAs. Os microRNAs são pequenos RNAs de fita simples (~22nt) que atuam no controle pós-transcricional através da degradação do mRNA ou da repressão da tradução. O gene Aire é um controlador transcricional e pós-transcricional nas células mTEC. Entretanto, pouco se conhece sobre como Aire é controlado. Uma das perguntasatuais, a qual foi explorada nesse trabalho, é se Aire poderia ser controlado por microRNAs. Para tentar responder a isso, fizemos uma análise in silico dos microRNAs que predizem hibridação com a região 3´UTR do mRNA de Aire do camundongo Mus musculus. O miR-155 prediz hibridação termodinamicamente estável entre os nucleotídeos 185 e 202 dessa região. Ele é um microRNA exônico que funciona em diferentes tipos celulares e regula diversos processos no sistema imunológico. Nosso trabalho focou então na avaliação funcional do controle pós-transcricional do miR-155 sobre o mRNA de Aire e suas consequências em células mTEC in vitro. A transfecção de células mTEC 3.10 com o miR-155 (mimic) resultou na redução nos níveis do mRNA e da proteína AIRE. Como esperado, a transfecção do miR-155 também resultou na modulação de um conjunto de mRNAs, incluindo aqueles que codificam TRAs, proteínas de adesão mTEC-timócitos, apoptose e splicing alternativo de mRNAs e citocinas de migração celular. As observações moleculares foram validadas experimentalmente quando demonstramos que o miR-155 modula a propriedade quimiotática das células mTEC sobre timócitos. Esses resultados mostraram pela primeira vez que Aire pode ser controlado pelo miR-155 e que esse microRNA também exerce ação ampla em células mTEC.