Pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo: itinerários e estratégias na construção de redes sociais e identidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Galvani, Debora
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5163/tde-01062009-110911/
Resumo: Compreende-se que a população em situação de rua, enquanto grupo social, transita entre zonas de vulnerabilidade e desfiliação conforme definidas por Robert Castel, pois está freqüentemente submetida à ausência de emprego ou a trabalhos temporários e a uma trajetória marcada por rupturas. Em muitos casos, a rede de assistência é o elemento fundamental na sua organização cotidiana. A heterogeneidade deste grupo social constitui uma premissa neste estudo. No interior de tal diversidade, foram identificados grupos e pessoas que pareciam proporcionar referência para a discussão de formas endógenas/internas (e de auto-organização) de superação dessa condição. Assim, meu interesse neste estudo esteve voltado para a compreensão dos processos contrários ao movimento de dissociação social, além de abranger o desenvolvimento de estratégias como a criação de redes sociais e o fortalecimento de identidades. Trata-se de pesquisa etnográfica, envolvendo convívio prolongado com o grupo social estudado e aproximação com seus modos de vida. A coleta de dados foi realizada por doze meses em 2006, com observação de campo, entrevistas e coleta de documentos. Foram realizadas entrevistas com cinco colaboradores e visitas aos seus circuitos e \"pedaços\" pela cidade. Os critérios para inclusão dos colaboradores da pesquisa foram: estar inserido em programa de moradia; participar de organização política (movimentos sociais específicos); integrar redes de relações de caráter religioso; integrar circuitos ligados a arte e cultura; utilizar serviços da rede assistencial como recurso complementar para organização de seu cotidiano; possuir formas de geração de renda. Além destas dimensões, que sugerem diferentes formas de participação social, foi critério de seleção o colaborador estar ou ter vivido em situação de rua por mais de dois anos. A análise foi realizada em duas perspectivas. Uma refere-se à reconstituição da história de vida de cada colaborador, com o objetivo central de mostrar suas redes de interdependência, as quais transcendem os circuitos assistenciais, e de discutir sua singularidade no processo de construção de identidades capazes de ressignificar e dar historicidade à experiência da situação de rua. Outra perspectiva de análise foi partir da percepção de eixos e temáticas comuns que contribuem para repensar possíveis conexões, propostas assistenciais e outras redes de proximidade, as quais foram trabalhadas nos itens relativos a recurso à assistência social, participação política e educação. Observou-se a construção de movimentos opostos à desfiliação cujos processos significam a construção de identidades diferenciadas que tornam relativo e contextualizado o lugar atribuído à pessoa em situação de rua, geralmente associado a fracassos e à dependência dos serviços. Há, porém, necessidade de se produzir situações preventivas e alternativas coletivas. O estudo das redes sociais dentro do campo da terapia ocupacional social pode contribuir para a construção de ferramentas de leitura e análise socioculturais, assim como para o desenvolvimento de procedimento metodológico no âmbito da ação da terapia ocupacional social, ou seja, intervenção social em que universo cultural e a participação dos usuários sejam eixos-guiasna formulação de projetos pessoais e coletivos.