Contribuição ao estudo da disponibilidade de enxofre em solos brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1987
Autor(a) principal: Kliemann, Huberto Jose
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-20210104-173631/
Resumo: Conduziu-se um experimento com amostras superficiais de 12 solos, provenientes dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás (Brasil), com teores de carbono variando de 0,50 a 3,03%, de enxofre total de 0,0104 a 0,0319% e de argila de 8 a 60%. Fez-se a avaliação de S-SO4= disponível através de 4 extratores químicos, Ca(H2PO4)2. H2O 500 ppm P em ácido acético 2,ON, NH4OAc 0,5N em ácido acético 0,25N, CaCl2 0,15% e HCl 0,05M. Realizou-se um ensaio biológico em casa-de-vegetação, com dois cultivos sucessivos. Usou-se um delineamento fatorial completo, em blocos casualizados por solo, com os tratamentos: 12 solos, 3 doses de gesso (0, 20 e 40 ppm de S), ausência e presença de calagem, 2 cultivos e 3 repetições e o milho (Zea mays L.) como planta-teste. Inicialmente incubaram-se os solos na ausência e presença de calagem e o enxofre nas doses indicadas, em sacos plásticos semi-abertos para evitar ambiente anaeróbico. Após 15 dias de incubação retiraram-se porções de terra para análises posteriores e transferiram-se 5 kg para vasos de cerâmica e acrescentaram os demais nutrientes. O primeiro cultivo, dos solos foi de 42 dias e o segundo de 48 dias. Após o primeiro retiraram-se novamente porções de terra para análises posteriores e removeram-se as raízes para o segundo cultivo com 4,5 kg de terra por vaso. Após o segundo cultivo, colheram-se novas porções de terra para análises posteriores. Em laboratório conduziram-se dois experimentos de incubação aberta em colunas com 50 g de terra, na ausência e presença de calagem. Estabilizou-se a umidade das amostras de terra através de sucção a 60 cm de Hg. Nos dois experimentos submeteram-se, de duas em duas semanas, as colunas à lixiviação com solução de KCl 0,01M, retornando-as à tensão de umidade inicial. No primeiro experimento utilizaram-se os lixiviados para a determinação de NH4+ + NO3- e S-SO4=. No segundo experimento acrescentou-se enxofre radioativo (35S, livre de carregador, na forma de H235SO4), com atividade inicial de 0,62134 µCi.g-1 de terra no tempo "zero" (antes da primeira lixiviação). Para a avaliação da disponibilidade do enxofre nos solos consideraram-se as variáveis independentes carbono, enxofre total, potenciais de mineralização de enxofre (So) e S-SO4= extraível dos solos, enxofre total e razões N/S e P/S das plantas e as variáveis dependentes produção de matéria seca e absorção de enxofre (absolutas e relativas). Na avaliação individual das variáveis independentes utilizaram-se técnicas estatísticas usuais e na avaliação conjunta a regressão linear múltipla. Determinaram­se os potenciais de mineralização de nitrogênio e enxofre com auxílio de algoritmo computacional iterativo. Os resultados experimentais permitam as seguintes conclusões: Os solos arenosos e de baixos teores de carbono possuem pequenos potenciais de mineralização de nitrogênio e enxofre nativos, sendo afetados de forma não significativa pela calagem. Os solos argilosos e com mais altos teores de carbono tem potenciais de mineralização de nitrogênio e enxofre mais elevados, com efeitos significativos da calagem. A meia-vida (tempo necessário para mineralizar a metade do nitrogênio e do enxofre potencialmente mineralizáveis), foi modificada pela calagem, não se verificando proporcionalidade na mineralização do nitrogênio e do enxofre. A mineralização do nitrogênio e do enxofre e o decaimento da atividade específica de 35S estabilizaram-se por volta da oitava semana de incubação aberta, tanto na ausência quanto na presença de calagem. Os teores de carbono e os potenciais de mineralização do enxofre dos solos são estreitamente correlacionados com a absorção de enxofre pelo milho, na presença de calagem. Não houve correlação significativa entre os potenciais de mineralização de enxofre no primeiro cultivo e os teores de carbono nos solos no segundo cultivo versus absorção de enxofre na ausência de calagem, mostrando que a acidez impede a mineralização e a dessorção do enxofre nativo dos solos. O enxofre total dos solos em nenhum caso apresentou correlação com a absorção de enxofre dos solos. Dentre os extratores estudados, o Ca(H2PO4)2 . H2O - 500 ppm P em ácido acético 2,0N demonstrou o melhor desempenho tanto em termos operacionais de laboratório, quando na correlação com a produção de matéria seca e absorção.de enxofre pelo milho. O extrator HCl 0,01 M revelou-se totalmente inadequado por não se terem obtido extratos límpidos para a determinação turbidimétrica do S-SO4=. Os extratores NH4OAc 0,5N em ácido acético 0,25N e o CaCl2 0,15% correlacionaram-se significativamente com a absorção de enxofre, mas apresentam o inconveniente da necessidade de determinação imediata do S-SO4= dos extratos ou de seu armazenamento em refrigerador para evitar desenvolvimento de fungos. Os níveis críticos de S-SO4= nos solos para a obtenção de 90% da produção máxima relativa de matéria seca foram: (a) Ca(H24PO4)2 . H2O - 500 ppm P em ácido acético 2,0N: 11 ppm; (b) NH4OAc 0,5N em ácido acético 0,25N a pH 5,0: 17 ppm; (c) CaCl2 0,15%: 19 ppm. Os níveis críticos de enxofre total na parte aérea do milho versus produção de matéria seca e absorção de enxofre foram de 0,14% e 0,20% respectivamente, no primeiro cultivo dos solos arenosos; no segundo cultivo determinou-se o nível crítico de 0,14% para ambos os casos. No primeiro cultivo dos solos argilosos (com teores de carbono superiores a l,2%), os coeficientes de regressão não significativos, não permitiram, assim, estabelecer os níveis críticos; no segundo cultivo, os níveis de enxofre total nas plantas foram de 0,20% para a produção de matéria e de 0,30% para a absorção de enxofre. A razão NIS da parte aérea do milho que caracteriza a deficiência de enxofre está por volta de 10 a 12/1, relacionada com a absorção de enxofre. A correlação foi altamente significativa no primeiro e no segundo cultivos. A razão P/S na parte aérea do milho não apresentou correlação significativa com a absorção de enxofre no primeiro cultivo. Na análise conjunta dos dois cultivos e no segundo isoladamente as correlações com a absorção de enxofre foram significativas. Por causa da maior dispersão dos pontos não se node estabelecer precisamente a razão P/S que caracteriza a deficiência de enxofre nas plantas. Tentativamente, propõe-se a razão P/S 1/1 como valor crítico. Na avaliação conjunta de análises de solos e de plantas versus produção de matéria seca por regressão linear múltipla, contribuíram, significativamente os seguintes parâmetros: a) solos arenosos (teores de carbono menores que 1,2%) - enxofre total e razão N/S das plantas e S-SO4= extraível dos solos; b) solos argilosos (teores de carbono maiores que 1,2%) - enxofre total e razão N/S das plantas, pH, Ca, Mg, H+Al e carbono dos solos; e versus absorção de enxofre: a) solos arenosos - enxofre total e razão N/S das plantas, S-SO4= extraível e pH dos solos; b) solos argilosos - enxofre total e razões N/S e P/S das plantas, S-SO4= extraível, pH, H+Al e carbono dos solos. Dentre os parâmetros estudados, a razão N/S revelou-se como o mais preciso para diagnosticar a deficiência nutricional de enxofre para as plantas.