Consumo de leite de vaca e anemia na infância no município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Levy-Costa, Renata Bertazzi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6133/tde-30092024-180118/
Resumo: Objetivo: Avaliar a relação entre teor de leite de vaca na dieta e ocorrência de anemia na infância no Município de São Paulo. Métodos: Estudou-se uma amostra probabilística da população de indivíduos residentes no Município de São Paulo com idades entre 6 e 59 meses (n=584) em 1995/96. Amostras de sangue capilar obtida por punctura digital foram coletadas e analisadas com relação à concentração de hemoglobina, adotando-se para o diagnóstico de anemia o nível crítico de 11g/dl. A aplicação de inquéritos alimentares recordatórios de 24 horas permitiu estimar o teor de leite de vaca na dieta infantil (participação do alimento no valor calórico total da dieta), bem como a densidade da dieta em ferro heme e ferro não heme. Análises de regressão foram empregadas no estudo da associação entre, de um lado, teor de leite de vaca na dieta e, de outro, concentração de hemoglobina (regressão linear) e risco de anemia (regressão logística), levando em conta um amplo leque de possíveis variáveis de confusão (idade, gênero, peso ao nascer, parasitas intestinais, renda familiar e escolaridade materna). Resultados: A prevalência de anemia encontrada foi de 45,2%, sendo de 66,3% para crianças com idade entre 6 e 23 meses e de 34,0% para as crianças com idade entre 24 e 59 meses. A contribuição do leite no valor calórico total da dieta foi de 22,0% para o conjunto das crianças e de 28,6% e 18,5% para as faixas etárias entre 6 e 23 e entre 24 e 59 meses, respectivamente. O aumento na participação do leite na dieta associou-se significativamente à diminuição da concentração de hemoglobina (para cada 10 pontos percentuais de aumento na proporção de leite no valor calórico total da dieta houve diminuição de 0,10g/dl na concentração de hemoglobina) e também ao aumento do risco de anemia (o risco de anemia dos 25% das crianças com maior consumo relativo de leite foi 2,2 vezes superior ao risco dos 25% das crianças com menor consumo). A associação inversa com a concentração de hemoglobina, no caso das crianças mais novas, e a associação direta com o risco de anemia, no caso do conjunto das crianças estudadas, mostraram-se significativas mesmo após o controle da densidade da dieta em ferro heme e ferro não heme, evidenciando, assim, um provável efeito inibidor do leite sobre a absorção do ferro presente nos demais alimentos. Conclusão: O estudo evidencia e quantifica o efeito negativo do consumo excessivo de leite de vaca sobre a concentração de hemoglobina e sobre o risco de anemia na infância e considera a implicação desse fato para formulação de intervenções efetivas para controlar a anemia na infância em realidades urbanas semelhantes à cidade de São Paulo.