Acesso à atenção especializada: câncer de mama como condição traçadora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Arruda, Luan Cuiabano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
SUS
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-26082019-130442/
Resumo: A oferta de serviços de saúde com qualidade e acesso universal se traduz em importante desafio em todo o mundo. Para além do fluxo assistencial, há uma série de fatores que podem facilitar o acesso ou servir como barreiras, que vão desde características socioeconômicas até a disposição de serviços de saúde. O objetivo da pesquisa foi analisar o acesso aos serviços de atenção especializada ao câncer de mama, no município de São Paulo. Trata-se de um estudo exploratório quantitativo com amostra intencional realizado a partir de um inquérito de serviços, desenvolvido no município de São Paulo, no ano de 2015. O método estatístico utilizado foi regressão de Poisson tendo como variável dependente dias de espera para realização de mastologia, para mamografia e para tratamento e como variáveis independentes, idade, escolaridade, raça/cor, plano privado de saúde, pagamento de consulta, tipo de unidade de Atenção Básica (AB), continuidade do atendimento na AB, palpação das mamas e solicitação de mamografia na AB. Participaram do estudo 353 mulheres diagnosticadas com câncer de mama em tratamento na Atenção Especializada (AE), e que haviam sido encaminhadas a partir de serviços da AB, pelo município de São Paulo. A pesquisa identificou que 69,97% dessas mulheres apresentava idade igual ou superior a 50 anos, tendo 66,48% referido ser de raça/cor preta/parda e 50,99% tinham entre no mínimo 12 anos de estudo. Das mulheres entrevistadas, 86,12% informaram não possuir plano privado de saúde e 14,77% pagaram por consulta médica em algum momento do tratamento. Sobre os serviços no cuidado ao câncer, aproximadamente um terço (32,85%) das mulheres aguardaram até 30 dias para a primeira consulta com mastologista e 85,59% para a realização da mamografia. O tempo de espera para início do tratamento foi de até sete dias para mais da metade delas (53,03%), tendo sido a cirurgia oncológica a primeira opção realizada para 76,47% dessas mulheres. Foram identificadas facilidades de acesso na linha de cuidado ao câncer de mama no serviço especializado estudado. Entretanto, ter mais de 50 anos e menos de 4 anos de estudo são fatores que produzem barreiras de acesso aos serviços de câncer de mama, indicando desigualdades no acesso. Apesar do estudo ter sido desenvolvido em serviço especializado do Sistema Único de Saúde (SUS) sob regulação da gestão municipal, a posse de plano privado de saúde foi identificada como fator capacitante facilitador de acesso. Outros fatores relacionados à organização dos serviços de saúde refletiram o distanciamento entre Atenção Básica e Atenção Especializada, indicando que a fragmentação do sistema de saúde pode produzir dificuldades de acesso aos serviços da rede de atenção.