Humor vítreo: uma alternativa para investigação de drogas de abuso postmortem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Peres, Mariana Dadalto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-12052015-112035/
Resumo: O humor vítreo (HV) é um gel aquoso, transparente e incolor, situado entre o cristalino e a retina. Ele pode ser uma ferramenta para determinação de drogas de abuso, sobretudo quando é impossível fazer a determinação em sangue devido à sua ausência ou sua deterioração, por exemplo em casos de exsanguinação, embalsamento e carbonização. As drogas e seus metabólitos passam para o HV por difusão passiva e, de modo geral, a concentração dos analitos no HV é similar às concentrações obtidas no sangue. A cocaína e a benzoilecgonina são facilmente detectadas na matriz. Por outro lado, a difusão da morfina é bem limitada. O maior interesse do estudo de opioides é a análise de 6-acetilmorfina, que pode diferenciar o uso de heroína e morfina. O delta-9-tetrahidrocanabinol é uma molécula muito polar e fortemente ligada a proteínas plasmáticas, o que limita a sua difusão para o HV. Entre as anfetaminas, a metilenodioximetanfetamina e a metanfetamina são as moléculas mais estudadas no HV. Foi desenvolvido e validado um método utilizando GC-MS para análise simultânea de cocaína, anfetaminas, opioides, canabinoides e respectivos metabólitos em HV. Os analitos de interesse foram extraídos do HV utilizando extração em fase sólida e analisadas por GC-MS, utilizando o modo de aquisição SIM. A faixa de linearidade foi de 10 a 1000 ng/mL para todos os analitos, com exceção do éster de metilanidroecgonina (10 a 750 ng/mL). A exatidão variou de 95,6 a 104,0%, a precisão inter-ensaio variou de 1,2 a 10,0% e a precisão intra-ensaio foi menor que 10,4% para todos os analitos. O limite de quantificação para todas as drogas foi de 10 ng/mL e a recuperação variou de 70,4 a 100,1% para compostos básicos e neutros, entretanto os compostos ácidos apresentaram baixa recuperação - menor que 40%. A dosagem de etanol foi realizada por GC-FID e extração por headspace. Os métodos validados foram aplicados em 250 amostras de HV coletadas de vítimas de morte violentas nos anos de 2011 e 2012 que foram necropsiadas no Departamento Médico Legal de Vitória - ES. A maioria das vítimas era do sexo masculino (85,4%) e a causa mais comum de morte foi homicídio (46,2%), destes, 89,5% foram mortos por disparo de arma de fogo. Os acidentes de trânsito corresponderam a 44,1%; suicídio, 2,4%; e outras mortes totalizaram 7,2% das amostras. Substâncias psicoativas (álcool e drogas) foram positivas em 60,4% dos casos. Em 23,2% das amostras foi quantificada cocaína e/ou seu metabólito, e em um terço destes foi identificado o uso de crack. O álcool estava presente em 19,2% dos casos e a associação entre cocaína e álcool em 12,8% dos casos. Outras drogas incluíram anfetaminas (13 casos) e codeína (1 caso). Quando comparadas as concentrações das drogas pesquisadas no sangue e HV, a anfetamina e metanfetamina mostraram boa correlação entre as duas matrizes. A 6-acetilmorfina encontrada no HV foi utilizada para demonstrar o uso de heroína, uma vez que as concentrações foram mais altas do que no sangue. Entretanto, o HV não pode ser utilizado como amostra alternativa para detecção de canabinoides.