Desastres ambientais: a história narrada por informações financeiras por meio de um modelo conceitual

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Milan, Juliana Cristina
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Complex estimates; Conceptual modelo; Desastre ambiental; Environmental disaster; Estimativas complexas; Modelo conceitual; Narrativas e comunicação contábil; Narratives and accounting communication; Recognition and measurement; Reconhecimento e mensuração
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-06112024-145715/

Quando ocorre um evento econômico de impacto, muitas versões são narradas a fim de se representar a realidade do que ocorreu. Neste sentido, esta tese tem por objetivo geral apresentar uma narrativa sobre desastres ambientais por meio de um fluxo de informações divulgadas. Esta pesquisa tem interesse por desastres enquanto eventos adversos, de origem antrópica, ou seja, provocados pelo homem, que ocorre sobre ecossistemas e populações causando danos significativos aos envolvidos. Esses são eventos recorrentes que geram consequências como o envolvimento de uma gama de profissionais para o seu tratamento, gastos que afetam o patrimônio, tempo, julgamento e escolhas quanto ao reconhecimento e mensuração. Para tanto, os desastres de referência para este estudo foram os de Mariana e Brumadinho, nos quais, mesmo envolvendo uma mesma entidade, carregam características distintas. Para se construir uma versão conectada do cenário, esta pesquisa foi desenvolvida em três estudos, sendo: o primeiro para verificar a percepção dos profissionais envolvidos na produção dessa informação; o segundo contempla as comunicações iniciais até a demonstração financeira, quando for o caso e, ao final, esta pesquisa propôs o desenvolvimento de um modelo conceitual e ao sua aplicação com objetivo de conectar todas as perspectivas que envolvem esse evento, desde o cenário antecedente, seguindo com as características das comunicações até as consequências que podem ser apuradas após a sua ocorrência. A metodologia utilizada em todos os estudos foi a qualitativa, por meio de entrevistas e exame de conteúdos que foram divulgados pela envolvida, Vale, durante o período de 2010 até 2022. Os achados permitem concluir que os profissionais não trabalham de forma conectada para a construção da informação sobre desastres ambientais e que a mensuração é o ponto mais sensível desse cenário, tendo em vista se materializar como uma estimava complexa por meio de disputas de interesses. Isso porque, em função da falta de objetividade na sua composição, muitos argumentos e escolhas são efetuados para a condução deste evento. Constatou-se também que os canais mais oportunos para a comunicação narram muitas ações, nas quais, em maioria não se refletem no patrimônio das envolvidas. Constatou-se que mesmo tendo conformidade normativa, as narrativas são seletivas e parciais não permitindo um entendimento integrado do evento. Ao final, quando se conecta os antecedentes, características e consequências conclui-se que as informações divulgadas vão se perdendo com o tempo e a história narrada vai ficando distante da realidade na qual se quer representar, ou seja, cria-se uma outra realidade.