Ecologia trófica da ictiofauna do estuário da praia do Puruba do litoral norte de São Paulo por meio da metodologia dos isótopos estáveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Beloto, Luciana Mulero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64135/tde-04092023-142105/
Resumo: O estuário é conhecido como um ecossistema de extrema relevância, caracterizado por uma zona de transição entre a terra e o mar. Apresenta como principal característica, a complexidade dos processos físico, químico e biológico e a alta produtividade, que fornece recursos essenciais à biodiversidade aquática. O presente estudo foi realizado nos Rios Puruba e Quiririm situados no estuário da Praia do Puruba no litoral Norte de São Paulo. Foram realizadas quatro campanhas de coleta correspondentes ao verão, outono, inverno e primavera, e em três pontos de amostragem (Foz da Barra, Rios Puruba e Quiririm). A salinidade foi diferente nos três pontos de amostragem ao longo das estações, tanto na maré baixa quanto na alta. As fontes basais apresentaram diferença significativa entre as estações do ano sendo os valores de 13C do material orgânico particulado (POM) no estuário empobrecido no verão e primavera, enquanto o material orgânico no sedimento (SOM) ocorreu no verão e outono. Os valores de 15N apresentaram diferença nos sedimentos, tanto no ambiente estuarino quanto no costeiro ao longo do ano. Três invertebrados apresentaram diferenças entre as estações estudadas para os valores de 13C. Todavia, os valores de 15N dos indivíduos variaram conforme os indivíduos e estações. No Rio Puruba foi encontrado uma única espécie residente não tolerante a salinidade, os indivíduos foram do gênero Astyanax spp. e nenhuma transitória. Os únicos indivíduos de peixes residentes do Rio Quiririm que apresentaram diferença significativa nos valores isotópicos ao longo das estações foi da família Belonidae. Os peixes transitórios apresentaram diferença no 13C para quatro espécies. As espécies de peixes apresentaram em sua maioria o nível primário e secundário em todas as estações com exceção de duas espécies G. barbus e A. lepidentostole que mostraram nível terciário provavelmente devido a influência da água marinha. O quarto capítulo investigou a ecologia isotópica de duas espécies de robalos. A contribuição das fontes de recursos alimentares para C. undecimalis foram Uca spp. com 43,6%, peixes residentes com 37,3%, POM costeiro 11,4%, peixes transitórios 6,7% e POM estuarino com 1,1%., mostrando uma forte tendência de hábito alimentar carcinófoga-piscívoro. Essas análises sugerem que mesmo ocorrendo a sobreposição provavelmente não houve competição e sim compartilhamento de fontes basais e presas em proporções diferentes. O quinto e último capítulo pesquisou a ecologia isotópica de duas espécies simpátricas Mugil cephalus e Mugil curema no Rio Quiririm do estuário da Praia do Puruba no Litoral Norte de São Paulo. Mugil cephalus segundo o modelo de mistura apresentou a dieta filtradora e M. curema a dieta bentônica proveniente do sedimento em todas as estações (verão, outono e primavera). Diante desse contexto, mesmo ocorrendo uma sobreposição do nicho não foi verificado uma possível competição entre as espécies provavelmente refletindo espaço temporal distintos. Compreender a assembleia de peixes e como utiliza os recursos disponíveis é de extrema importância para a avaliação do seu papel ecológico nos estuários