Modelagens arqueológicas no litoral sul catarinense: sambaquianos na região da Lagoa de Imaruí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Kozlowski, Henrique de Sena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-18012024-102858/
Resumo: A região do litoral sul catarinense tem a sua paisagem marcada por um grande conjunto de corpos dágua, decorrentes de processos geomorfológicos ao longo do Pleistoceno e Holoceno. Estas lagoas cercadas pelas planícies costeiras e relevos montanhosos formam a região conhecida como Complexo Lagunar Catarinense. Este local de encontro de biomas é ocupado por populações humanas há pelo menos 7500 anos AP, identificado através da presença de registros arqueológicos de populações sambaquieiras, Jê e Guarani. O escopo espacial desta pesquisa está circunscrito na porção norte do Complexo Lagunar, mais especificamente nas áreas dos entornos das lagoas de Imaruí, Mirim, Ibiraquera e Garopaba com um foco específico na ocupação sambaquiana ao longo do Holoceno médio e tardio. Com base no conceito do território como um objeto resultante do agregado da paisagem natural e das transformações realizadas por grupos humanos, e que, portanto, nos permite compreender diferentes aspectos sobre as sociedades que o construíram. A partir do objetivo de explorar o território sambaquiano e das dinâmicas sociais sambaquianas do litoral sul catarinense em diferentes escalas espaciais e temporais foram utilizadas técnicas de análise espacial, modelagem e simulações para abordar o território em três eixos específicos: a organização espacial sambaquiana, a mobilidade individual e as dinâmicas sociais entre grupos. Para a organização espacial foram utilizadas técnicas de análise de distribuição espacial de pontos, onde foi possível verificar a recorrência de padrões já conhecidos para populações sambaquianas de distribuição aglomerada em núcleos ao redor das lagoas. Para a mobilidade individual e as dinâmicas sociais foram aplicadas técnicas de modelagem baseada em agentes. As simulações de mobilidade permitiram analisar formas de deslocamento na paisagem, incluindo travessias nas lagoas. Também foi possível comparar os resultados da aplicação desta técnica de modelagem baseada em agentes com resultados de análises tradicionais de mobilidade produzidas com softwares de geoprocessamento. As simulações de dinâmicas sociais aplicaram dois cenários de trocas: um de recíproca solidária e outro de recíproca equilibrada. Os resultados demonstraram diferenças na estrutura social simulada na longa duração. No caso da recíproca solidária há uma estrutura igualitária e heterárquica, o oposto ocorre com a dinâmica de recíproca equilibrada. Estes resultados corroboram teorias sobre a estrutura social sambaquieira ser igualitária e não-hierárquica, possivelmente com a produção coletiva de recursos. A exploração simulada do registro arqueológico, através de uma técnica inovadora, nos possibilitou aprofundar as interpretações sobre o registro arqueológico regional em uma perspectiva de longa duração e assim construir novos caminhos para a pesquisa das relações entre ser humano e meio ambiente na região.