Efeitos da terapia de ressincronização cardíaca (TRC) sobre a perfusão miocárdica: correlações clínico-funcionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Brandão, Simone Cristina Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-17122008-104936/
Resumo: Introdução: a cintilografia cardíaca com MIBI-99mTc sincronizada ao eletrocardiograma (gated SPECT) avalia integridade celular, perfusão miocárdica e função global e regional do ventrículo esquerdo (VE). A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) pode melhorar os sintomas de insuficiência cardíaca (IC), mas seus benefícios sobre a função do VE são menos pronunciados. Objetivos: avaliar se as mudanças na captação miocárdica do MIBI-99mTc após a TRC estão associadas à melhora clínica, à redução do QRS ao eletrocardiograma e ao desempenho do VE e se a gated SPECT adiciona informação na seleção e acompanhamento de pacientes para a TRC. Método: trinta pacientes (idade media 59 ± 11 anos, 47% masculinos) com miocardiopatia dilatada não isquêmica, IC classe funcional III ou IV da New York Heart Association com tratamento medicamentoso otimizado, bloqueio de ramo esquerdo e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) inferior a 35% participaram deste estudo. Foram avaliados pré e três meses após TRC as seguintes variáveis: classe funcional de IC, duração do QRS, FEVE pela ecocardiografia, captação miocárdica do MIBI-99mTc (%) ao repouso e após estresse com adenosina, volumes diastólico (VDF) e sistólico finais (VSF) do VE, motilidade e espessamento regionais nas paredes do VE pela Gated SPECT. Após TRC, os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a melhora na FEVE: grupo 1 (G1=12 pacientes) com aumento 5 pontos absolutos; e grupo 2 (G2=18 pacientes) sem aumento significante. Resultados: após TRC, ambos os grupos melhoraram significantemente a classe funcional de IC, reduziram QRS e aumentaram a captação miocárdica do MIBI-99mTc nas paredes ântero-septal e ínfero-septal. Apenas G1 apresentou mudanças favoráveis no VDF, VSF, motilidade e espessamento regionais do VE. Pré TRC, pela análise univariada, o VDF e ESV foram estatisticamente maiores no G2 em relação ao G1 (VDF: 477 ± 168 mL vs. 276 ± 94 mL, p<0,001; VSF: 401 ± 154 mL vs. 220 ± 85 mL, p<0,001, G2 e G1, respectivamente). A captação miocárdica do MIBI-99mTc foi menor no G2 em relação ao G1 nas paredes anterior (60 ± 10% vs. 67 ± 7%, p=0,049, repouso) e inferior (48 ± 10% vs. 59 ± 11%, repouso, e 47 ± 10% vs. 58 ± 9%, p=0,003, após estresse). A soma dos escores de hipocaptação após estresse foi significantemente maior no G2 em relação ao G1 (14 ± 9 e 9 ± 4, G2 e G1, respectivamente, p=0,039). Pela análise multivariada, o VDF foi o único preditor independente de aumento na FEVE após terapia, p=0,01. O ótimo ponto de corte do VDF pela curva ROC para predizer melhora na FEVE após terapia foi 315 mL com sensibilidade de 89% e especificidade de 94%. Conclusões: A TRC aumentou a captação miocárdica regional de MIBI-99mTc, melhorou a classe funcional de IC e reduziu QRS independentemente da melhora do desempenho cardíaco. Após TRC, o aumento da FEVE ocorreu em corações menos dilatados e com uma maior captação miocárdica regional do MIBI-99mTc, principalmente na parede inferior