Humanização e Cogestão na Atenção Básica: as relações de trabalho no cotidiano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Doricci, Giovanna Cabral
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-26092018-084956/
Resumo: A Política Nacional de Humanização (PNH) objetiva promover a Reforma Sanitária considerando como centrais as relações estabelecidas no cotidiano. Apesar de sua complexidade, a humanização, muitas vezes, é banalizada no cotidiano, mantendo-se como foco apenas a qualidade das relações entre profissionais de saúde e usuários. O âmbito da gestão, incluindo as relações de trabalho, é debatido no campo teórico, mas pouco explorado empiricamente. Esta pesquisa tem como objetivo compreender como a humanização da gestão, a partir do modelo adotado pela política (Cogestão), é considerada e praticada pelos profissionais no cotidiano da Atenção Básica. Delineamos como contexto de análise duas unidades de saúde, uma tradicional (Unidade Básica de Saúde - UBS) e uma com Estratégia Saúde da Família (Núcleo de Saúde da Família - NSF). A construção do corpus foi realizada em duas etapas. Na primeira, imersão no campo, realizamos observações registrando em notas de campo aspectos importantes do contexto e da interação entre os profissionais. Esta imersão nos forneceu subsídios para a segunda etapa, entrevistas grupais ou individuais, e para análise geral do corpus. Utilizamos roteiro semiestruturado nas entrevistas, construído a partir da análise dos diários de campo para abarcar as especificidades de cada contexto. As conversas foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra. A análise dos diários objetivou descrever o modo de funcionamento de cada unidade, e a análise das entrevistas, descrever os sentidos sobre humanização da gestão e os sentidos sobre as práticas que os profissionais identificam como sendo humanização da gestão. Os resultados são apresentados para cada unidade a partir de três focos: o contextual, a dinâmica relacional e a produção de sentidos. Esses aspectos são analisados separadamente, embora na prática estejam imbricados e se retroalimentem. Descrevemos elementos contextuais e relacionais que contribuem ou dificultam a construção (no caso da UBS) ou manutenção (no caso do NSF) de uma cultura participativa e gestão compartilhada. Quanto aos sentidos, em ambos os contextos, a participação na tomada de decisões, o trabalho em equipe e a resolutividade das ações são identificados como sendo gestão humanizada, porém difere o que significam esses aspectos e suas práticas em cada unidade. Concluímos que, para haver uma gestão compartilhada, é necessário trabalhar as relações e o modo como os profissionais constroem sentido sobre elas. Somente criar momentos de conversa coletiva não geram, necessariamente, a participação e a gestão compartilhada, pois o modo como esses espaços irão funcionar depende diretamente da maneira como a equipe compreende e constrói a si mesma. Nossa tese descreve a cultura participativa, aspecto central da gestão compartilhada, como uma construção social, algo que se dá nas relações e na linguagem. Portanto, para se desenvolver um modelo de gestão compartilhada, é necessário trabalhar com os profissionais o processo grupal. A Psicologia Social, os estudos sobre grupos, e, em especial, a epistemologia construcionista social podem oferecer recursos para este trabalho de construção da cultura participativa. Assim, esperamos, com essa pesquisa, contribuir para o incremento da literatura e para a prática da cogestão no contexto da Atenção Básica.