Avaliação in vivo do potencial de lipossomas contendo insulina para terapia tópica da doença do olho seco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Bredarioli, Paula Anatália Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-29092021-071109/
Resumo: A doença do olho seco (DOS) é uma doença multifatorial da superfície ocular que ocasiona diminuição da secreção lacrimal, hiperosmolaridade e inflamação. Estudos recentes mostram que a administração tópica de insulina (INS) aumenta a secreção lacrimal. No entanto, a rápida drenagem do local de aplicação associada à sua conhecida instabilidade em fluidos biológicos diminui a biodisponibilidade local da INS e impõem administrações múltiplas que acarretam baixa adesão ao tratamento. Lipossomas são sistemas de liberação de fármacos biocompatíveis que aumentam a estabilidade e o tempo de residência de fármacos na superfície ocular. Também há indícios de que sua composição lipídica evite a evaporação exacerbada do fluido lacrimal, característico da DOS. Com a hipótese de que a associação da INS à lipossomas aumente a biodisponibilidade ocular da INS e auxilie na proteção das células do epitélio corneano, lesionadas nos casos de DOS, o objetivo deste trabalho foi avaliar, in vivo, o efeito de lipossomas contendo INS (lipossoma-INS) nos principais sinais da DOS: secreção lacrimal diminuída, células epiteliais agredidas, epitélio fino e inflamação. Lipossomas-INS foram preparados e caracterizados em relação ao seu tamanho médio (108±6 nm), índice de polidispersão (PdI) (0,28), potencial zeta (-5±10 mV), pH (6,7±0,1) e osmolaridade (230±5 mOsm/L), além da eficiência de encapsulação (50%, aproximadamente 0,25 mg/mL). Injetados em ratos Wistar Hannover, os lipossomas-INS reduziram a glicemia a níveis semelhantes ao provocado pela injeção de uma dispersão simples de INS (disp-INS), com um retardo nos primeiros 30 min, sugerindo que os lipossomas sustentam a liberação da INS. A avaliação da influência na DOS do lipossoma-INS comparada ao lipossoma branco (sem INS) e a disp-INS foi realizada em ratos Wistar Hannover em dois modelos de DOS: induzida por instilação de cloreto de benzalcônio (BAC) e induzida por diabetes após injeção de streptozotocina (STZ). No modelo de DOS induzida por BAC, as formulações foram instiladas diariamente. Observou-se que as características gerais do epitélio da córnea, avaliadas por citologia de impressão, foram semelhantes as apresentadas pelo controle negativo (animal saudável) quando os animais foram tratados com o lipossoma-INS, classificadas como grau 0 na escala de Nelson. O epitélio dos animais tratados com disp-INS e lipossoma branco foi classificado como grau 2 e 1, respectivamente. No entanto, utilizando esse modelo de DOS, não foi possível observar diferenças na secreção lacrimal nem mesmo entre o controle positivo (animal com DOS não tratado) e o controle negativo. A espessura do epitélio da córnea foi significativamente maior nos grupos tratados com lipossoma-INS em relação ao controle positivo. No modelo de DOS induzida por STZ, os animais foram tratados em dias alternados com as formulações. A secreção lacrimal foi significativamente maior nos animais tratados com o lipossoma branco e lipossoma-INS, com volume semelhante ao controle negativo. A expressão na córnea das citocinas pró-inflamatórias, IL-6, IL1-β e TNF-α, foi avaliada por PCR. Não houve alteração significativa na expressão de IL-6 entre os grupos estudados. A avaliação do gene para IL-1β mostrou que os animais com DOS não tratados expressaram 2,5 vezes mais IL-1β do que os animais saudáveis. O tratamento com o lipossoma-INS diminuiu essa expressão para níveis estatisticamente semelhantes ao controle negativo, enquanto o tratamento com a disp-INS não os diminuiu. Os níveis de TNF-α, elevados nos animais com DOS, foram reduzidos a níveis semelhantes ao apresentado pelo controle negativo em todos os animais tratados. Apesar dos tratamentos com a disp-INS e lipossoma branco apresentar resultados melhores do que o controle positivo em alguns dos sinais avaliados, o tratamento com o lipossoma-INS foi o único que possibilitou a recuperação dos sinais da DOS a níveis semelhantes ao controle negativo em todos os parâmetros avaliados. Sugere-se, desta forma, que a associação do lipossoma com a INS apresente um efeito sinérgico e é promissora para o tratamento da DOS.