\"Qui nem jiló\": a saudade do lugar de origem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Palomo, Victor Roberto da Cruz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-06062013-115009/
Resumo: A saudade é um significante que condensa camadas semânticas que se aproximam dos sentidos da melancolia e da nostalgia, diferenciando-se por constituir a percepção humana da fugacidade do tempo e suas aspirações pela eternidade. Tais dimensões associam-se, mais frequentemente, à falta e ao desejo de presentificação das imagens da infância, dos amigos queridos, do (a) amado (a) ausente e do lugar de origem distante. Presente na lírica portuguesa desde os registros dos cantares medievais trovadorescos, a saudade associou-se a todos os movimentos estéticos literários, apresentando-se também como um tema prevalente na lírica brasileira, de forma incipiente no período colonial e intensificando-se a partir do movimento romântico. O presente trabalho optou pelo recorte axial da saudade do lugar de origem com o intuito de indagar as semelhanças e dessemelhanças entre seus sentidos nas matrizes portuguesas e na lírica brasileira. Para tanto, fez-se inicialmente um levantamento das origens da palavra, assim como alguns apontamentos sobre possíveis ancoragens psicológicas. Em outra seção, uma compilação do tema diacronicamente organizada a partir da lírica de poetas portugueses, a qual aponta a prevalência de sujeitos poéticos coletivos que têm saudades de uma pátria grandiosa, pathos que se sustentaria em relatos míticos e registros históricos. A partir da visada modernista, buscam-se os sentidos da saudade do lugar de origem em sua dicção brasileira, elegendo para análise os textos poéticos de três poetas representativos do período: Manuel Bandeira (Evocação do Recife, Recife e Vou-me embora pra Pasárgada), Vinicius de Moraes (Ilha do Governador, Saudades do Brasil em Portugal e Pátria Minha) e Torquato Neto (Tristeresina, A Rua e Três da Madrugada). Nesses textos, observaram-se aproximações e afastamentos da semântica portuguesa. Estes distanciamentos caracterizaram-se, principalmente, pelos acentos lúdicos, pela ênfase na intimidade dos sujeitos poéticos e pela predominância de uma sintaxe coloquial. À guisa de conclusão, destacou-se a importância desse tema para a lírica: a saudade constitui um índice que aponta para a procura do sujeito por si mesmo, de forma que ao escrever sobre lugares de origem queridos, o poeta afirma sujeitos poéticos no intuito de presentificá-los.