Análise da Incidência de Mutações no Gene HEXA na População Judaica Brasileira - Avaliação da Importância de um Programa Preventivo da Doença de Tay-Sachs

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Rozenberg, Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-07112012-085347/
Resumo: A doença de Tay-Sachs (DTS) é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica recessiva, que se manifesta a partir do sexto mês de vida. Crianças afetadas desenvolvem degeneração física e mental intensa, levando à morte até os 5 anos de idade. Não há atualmente cura ou tratamento disponível. Na população judaica, 1 em cada 31 indivíduos é portador da DTS, e a incidência da doença (aproximadamente 1 em cada 4.000 nascimentos) é cerca de 100 vezes maior nesta do que em outras populações. O advento do diagnóstico pré-natal para a DTS e o concomitante desenvolvimento de programas de detecção e orientação de heterozigotos da DTS em populações de judeus Ashkenazitas, iniciados em massa desde 1970, levaram a uma diminuição de 90% da incidência da doença nesta população. Estes programas são realizados em Israel, EUA e no Canadá, na população francocanadense. Três mutações no gene HEXA, codificador da sub-unidade ? da enzima hexosaminidase A, são responsáveis por 98% dos casos da DTS na população judaica Ashkenazita. Esse fato possibilita a utilização de um teste de DNA para a identificação de portadores da DTS nesta população. Segundo o censo do IBGE de 1991, a população judaica no Brasil é de 86.416 indivíduos. Este trabalho visou analisar a necessidade e a aceitação de um programa de detecção e orientação de portadores da DTS nesta população. Em particular, procurou-se (1) estabelecer a freqüência das 3 principais mutações causadoras da DTS na população judaica brasileira; (2) avaliar a reação de indivíduos desta população à proposta de um programa de triagem de portadores da DTS, com o objetivo de orientação para casais em risco de terem crianças afetadas. Este estudo foi realizado em escolas judaicas de ensino médio, em São Paulo e no Rio de Janeiro, seguindo o modelo canadense. Dentre 581 alunos (>=16 anos) que assistiram palestras informativas, 404 participaram da pesquisa, indicando uma taxa de participação de 70%. De acordo com os dados dos formulários de consentimento, aproximadamente 65% dos cromossomos analisados eram de origem judaica Ashkenazita. A análise das 3 mutações comuns no gene HEXA nestes 404 indivíduos detectou 8 portadores da DTS (7 da mutação InsTATC1278 e 1 de IVS12+1). Assim, a freqüência de portadores na amostra foi de 1 em cada 51 indivíduos. Considerando somente os cromossomos de origem judaica Ashkenazita, nossos dados indicam que a freqüência de portadores da DTS na amostra é de 1 em cada 33 indivíduos. As freqüências encontradas são equivalentes àquelas descritas em outras populações judaicas (P>0,05). Baseando-se nestes dados, concluí-se que justifica-se a implementação de um programa de identificação e orientação de portadores da DTS na população judaica brasileira. A contemplação dos diversos aspectos éticos envolvidos são parte essencial deste programa.