Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Ulisses Gonçalves de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48137/tde-26042023-124904/
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Resumo: |
Introdução: A presente dissertação estudou as disputas políticas e ideológicas no marco da elaboração dos novos documentos educacionais aprovados na década de 2010. Nessa década, houve o fortalecimento de um conservadorismo autoritário contra pautas educacionais ligadas aos direitos humanos nas escolas. Essa investida manifestou-se por um modo de operar a ideia de educação escolar, reforçando uma retórica científica e neotecnista contra o avanço de um processo longo e histórico de democratização da educação no Brasil. Nesse período, o Movimento Escola Sem Partido (MESP) e o Programa Escola Sem Partido (ESP) ganharam notoriedade no debate público. Presumiu-se que o MESP fosse um importante articulador dos interesses escusos desse conservadorismo ressurgente em meio ao contexto de forte avanço da mobilização política dos movimentos sociais baseada no uso das redes e mídias digitais. Métodos: Primeiramente, este estudo explorou o debate acadêmico a respeito do MESP. Logo em seguida, revisou a gênese do conservadorismo, seu funcionamento na história do pensamento político ocidental, e o seu desdobramento na contemporaneidade política brasileira. Por fim, desenvolveu-se uma análise etnográfica do MESP da sua comunidade on-line no Twitter, partindo das publicações produzidas no primeiro semestre de 2020, período que iniciou a pandemia do Covid19. Resultados: A partir desse estudo, foi possível identificar os contornos do movimento, seus discursos, atores e suas estratégias de difusão pela Frente liberal ultraconservadora (Colombo, 2018). Ainda, foi possível organizar a sua ascensão em três eventos políticos da última década, respectivamente: o movimento anti-gênero, as jornadas de junho de 2013 e o golpe de 2016 (impeachment de Dilma Rousseff). Também foi possível ordenar algumas noções básicas do funcionamento das reações conservadoras na história da política ocidental, sobre: mudança social, estrutura social e tempo. Ademais, foi possível organizar o debate sobre os desdobramentos do conservadorismo na contemporaneidade brasileira, abordando as disputas políticas e ideológicas presentes no contexto de surgimento da denominada nova direita (CÊPEDA, 2018) e do populismo digital (CESARINO, 2020). Finalmente, a análise etnográfica ilustrou o MESP em uma situação de crise, evidenciando diversas contradições discursivas em meio à crise sanitária, mas, sobretudo, em meio à crise política do governo Bolsonaro, uma importante representação política aliada à rede de difusão do MESP observada na literatura. Nesse material analisado, os conteúdos selecionados foram organizados em três eventos identificados: a crise ministerial do governo Bolsonaro; a aprovação da inconstitucionalidade dos projetos vinculados ao ESP; e o Inquérito das fake news instaurado pelo STF. Conclusões: O estudo, portanto, conseguiu fazer um balanço dos principais fatores causadores dessa disputa política e ideológica marcante para a educação brasileira na última década. Essa disputa foi compreendida pelo entendimento da coexistência discursiva da normatividade neoliberal (MACEDO, 2017), do autoritarismo e do moralismo fundamentalista. E, em suma, reconhecendo o MESP como um importante articulador de uma força conservadora autoritária e reativa às transformações estruturais envolvendo o direito à educação, a educação igualitária e a ideia de todos sujeitos. |