Escritório forma função: design como instrumento de soberania e desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Barone, Edison
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16140/tde-19122019-114827/
Resumo: A presente dissertação aborda a memória histórica e projetual do escritório de design paulistano Forma Função, procurando estabelecer um paralelo entre o trabalho por este desenvolvido e os princípios norteadores do projeto nacional-desenvolvimentista iniciado no Brasil em 1950 por Vargas, posteriormente intensificado pelo governo Kubitschek em seu Plano de Metas. Tomando como base o nacional-desenvolvimentismo e seu propósito intrínseco de criar um projeto de país, por meio do provimento das condições infraestruturais ao desenvolvimento industrial, busca-se evidenciar a relação de tal projeto com a soberania do País no cenário econômico mundial. Para tanto, recorreu-se à pesquisa documental e iconográfica da produção da Forma Função, mas, sobretudo, à história oral dos designers que lideraram o escritório, lançando-se mão, para tanto, de métodos utilizados para a construção da memória individual e coletiva daqueles que protagonizaram essa história. O pano de fundo para a sistematização e análise dos materiais e depoimentos coletados são as políticas industriais à época, as quais desempenharam um importante papel para o campo do design brasileiro, que até então era praticado por uma reduzida parcela de profissionais, em geral de origem europeia, e em áreas específicas, sobretudo no âmbito do mercado editorial e do setor de móveis. Como resultado do aumento da produção industrial no período estudado e a consequente demanda crescente por profissionais de projeto, relaciona-se a criação dos primeiros cursos de design no Brasil. É nesse contexto que se iniciam as atividades da Forma Função, empresa fundada em 1978 por dois ex-alunos do curso de Desenho Industrial da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Ulf John Sabey e Sonia Vessoni. O escritório de design desenvolveu importantes projetos para o segmento de bens de capital, e ainda que isso não tenha sido planejado, contribuiu significativamente para um setor estratégico no âmbito do projeto nacional-desenvolvimentista. A pesquisa conclui mostrando alguns dos muitos desafios de design encarados pelo escritório Forma Função, seja pelas limitações técnicas de um campo emergente, seja pela falta de cultura empresarial voltada para o design, à época. Apesar das dificuldades, a empresa firmou-se e cresceu de forma expressiva na década de 1980, em grande medida devido ao trabalho feito para fabricantes de equipamentos do setor médico-hospitalar, financeiro, de informática e de maquinários. No início da década seguinte, devido às consequências causadas pelo, assim conhecido, Plano Collor e suas políticas excessivamente liberais, muitas indústrias locais tiveram sua competitividade comprometida, impactando diretamente as atividades da Forma Função. Com uma evasão forçada de clientes, a empresa passou por um forte redimensionamento e, apesar do capital social acumulado na década anterior e dos imensos esforços para sua consolidação, acabou por encerrar as atividades no início dos anos 2000. O estudo da reconhecida atuação da Forma Função permite, por sua vez, pensar a atividade do design nos dias de hoje, frente ao processo de desindustrialização que vem se intensificando dia a dia no País.