Coinfecção tuberculose-HIV em unidades prisionais: análise dos fatores associados ao desfecho dos casos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Saita, Nanci Michele
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-18032021-093949/
Resumo: O objetivo geral foi analisar as ações de saúde ofertadas às pessoas privadas de liberdade com coinfecção tuberculose-HIV, bem como os fatores associados ao desfecho do tratamento da tuberculose no estado de São Paulo. Objetivo específico I: analisar a assistência prestada aos indivíduos com coinfecção tuberculose-HIV em unidades prisionais, segundo a Coordenadoria Regional, a partir de um estudo transversal entre 2016-2018, utilizando-se um questionário estruturado aplicado a 112 diretores ou profissionais de saúde de 168 unidades prisionais. Os dados foram analisados por distribuição de frequência e análise de correspondência múltipla. Do total, 92,9% dos participantes referiram busca ativa de sintomáticos respiratórios, 89,3% oferta de tratamento diretamente observado para todos os casos de tuberculose, 95,5% teste anti-HIV para todos os detentos, 92,9% acompanhamento do HIV em serviços especializados e 59,8% oferta de antirretrovirais para os casos de coinfecção. Identificou-se associação entre as Coordenadorias Noroeste e Central, deficiência de recursos humanos e baixa realização de ações para o diagnóstico e acompanhamento dos casos. Objetivo II: identificar os fatores de risco sociodemográficos, clínicos e de acompanhamento para a coinfecção tuberculose-HIV entre detentos, a partir de um estudo do tipo caso-controle, período de 2015-2017, cujos dados foram obtidos do TB-WEB e analisados por meio de distribuição de frequência e análise bivariada, testando a associação da variável dependente (casos - coinfectados tuberculose-HIV x controles - tuberculose não coinfectados com HIV) com as variáveis independentes (sociodemográficas e clínicas) pelo cálculo do odds ratio e valor de p. Fatores de risco para a coinfecção tuberculose-HIV: idade entre 26 e 84 anos, notificação em hospitais, baciloscopia e cultura de escarro negativa, raio-X sugestivo de outra patologia, forma clínica extrapulmonar e mista, alcoolismo. Fatores de proteção: sexo masculino, ensino fundamental e médio. Identificou-se alto percentual de óbito entre os coinfectados. Objetivo III: identificar os fatores associados ao desfecho desfavorável do tratamento de tuberculose em pessoas privadas de liberdade com coinfecção por HIV, a partir de estudo do tipo caso-controle, período de 2015-2017 em unidades prisionais do estado de São Paulo. População de estudo: casos novos de tuberculose coinfectados com HIV com desfecho favorável (controles - cura) e desfavorável (casos - abandono e óbito) do tratamento. Realizou-se regressão logística para as variáveis sociodemográficas (modelo 1), de detecção e clínicas (modelo 2) e de acompanhamento (modelo 3). Obteve-se um modelo múltiplo, conservando variáveis com p<0,05. Na análise univariada, apresentaram associação com o desfecho desfavorável: as variáveis escolaridade (modelo 1), tratamento auto-administrado/sem informação e início da terapia antirretroviral (modelo 3). No modelo múltiplo, o tratamento auto-administrado apresentou maior chance para o desfecho desfavorável (OR 5,0; IC95% 2,2-11,49) quando comparado ao tratamento diretamente observado. A chance de desfecho desfavorável entre aqueles que iniciaram terapia antirretroviral após o diagnóstico da tuberculose foi 60% (OR 0,4; IC95% 0,2-0,83) menor quando comparada aos que iniciaram terapia antirretroviral antes do diagnóstico da tuberculose. A identificação das ações ofertadas aos detentos e dos fatores associados ao desfecho dos casos podem subsidiar o delineamento e avaliação de estratégias para o enfrentamento da TB e HIV/aids no sistema prisional.