Avaliação de interações de confiança em pessoas com Transtorno de Estresse Pós-Traumático Complexo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Albregard, Elizabeth Fortunatti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47135/tde-09092024-170700/
Resumo: Uma parcela das pessoas com estresse pós-traumático (TEPT) apresentam quadros complexos, cujos sintomas ultrapassam marcadamente o descrito pelo diagnóstico de TEPT. Esta sintomatologia foi alvo de debates por parte de estudiosos por duas décadas, que culminaram na formulação de outro diagnóstico: o transtorno de estresse pós-traumático complexo, que é caracterizado pelos sintomas de TEPT somado por sintomas de perturbação do self (disturbance in self-organization, DSO), que envolvem o autoconceito negativo, problemas em regulação emocional e dificuldades em sentir-se emocionalmente próximo a outras pessoas. O comportamento de confiança, sendo um aspecto importante do comportamento social humano, torna-se de interesse na compreensão acerca do TEPTC. Utilizando um paradigma experimental desenvolvido por FeldmanHall et al. (2018), que utiliza o Jogo da Confiança e um procedimento com a apresentação de estímulos com diferentes graus de semelhança, este estudo busca investigar os efeitos de uma intervenção psicoterápica sobre o comportamento de confiança de pessoas com TEPTC, e observar diferenças entre padrões de comportamento dessas pessoas com TEPTC e de controles saudáveis. 88 participantes participaram de um Jogo da Confiança, em que eles passavam por várias rodadas com parceiros com 3 padrões de reciprocidade (confiável, neutro e não confiável). Na segunda fase do procedimento, os participantes selecionavam faces que representavam potenciais parceiros para uma outra partida hipotética posterior do Jogo da Confiança. Estas faces compartilhavam semelhanças físicas com os parceiros desse mesmo jogo. Os resultados indicaram que as pessoas com TEPTC inicialmente exibiram menos comportamentos de confiança do que os controles, mas aumentaram significativamente o comportamento de confiança nos parceiros confiáveis após a intervenção psicoterápica. Além disso, os enquanto os controles passaram a investir menos no parceiro não confiável o que é uma resposta desejável, o mesmo não foi observado nas pessoas com TEPTC, cujos investimentos no parceiro não confiável não mudaram significativamente do pré para o pós-intervenção, apesar de que tenderam a aumentar. Isto aponta para uma dificuldade de discriminação, o que vai ao encontro de outros estudos que abordaram o comportamento de discriminação de pessoas com TEPT (Bell, 2018; Fertuck, 2016). Estes resultados sugerem que talvez as intervenções para TEPTC possam se beneficiar de elementos específicos de treino discriminativo.. Ressaltamos a importância de mais estudos que investiguem as dificuldades de discriminação de pessoas com este diagnóstico, além do desenvolvimento de intervenções que atuem diretamente sobre este repertório. Além disso, este estudo permite observar padrões comportamentais de pessoas com TEPTC, que podem auxiliar na compreensão deste diagnóstico e da diferenciação entre ele e outros quadros com os quais ele possui semelhanças, como TEPT e TPB.