Enterobacteriaceae endofíticas produtoras de &#946-lactamases de espectro estendido em hortaliças comerciais.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lopes, Ralf Bruno Moura
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
WGS
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42132/tde-23122021-130018/
Resumo: A disseminação de bactérias produtoras de &#946-lactamases de espectro estendido (ESBL) é um desafio que não está mais restrito aos ambientes hospitalares, mas também representa um problema crescente que envolve segurança alimentar e integridade ambiental. Neste estudo, foi realizada a investigação de bactérias endofíticas produtoras de ESBL isoladas de hortaliças comercializadas no Brasil e em Portugal. A caracterização genômica dos isolados foi realizada por WGS e o estilo de vida endofítico foi avaliado utilizando o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris) como modelo para o estudo. Linhagens endofíticas de Escherichia coli (ST38, ST648, ST4012), Klebsiella pneumoniae (ST198, ST2739) e Enterobacter cloacae (ST927) produtoras de CTX-M-15 foram isoladas de espinafre, repolho, rúcula e alface do Brasil. E. coli (ST10 e ST novo) produtoras de CTX-M-14 foram isoladas de alface e agrião de Portugal. As linhagens avaliadas colonizaram eficientemente o interior da raiz e da parte aérea das plantas do feijoeiro, confirmando a capacidade de estilo de vida endofítico. A análise dos genomas revelou genes de resistência aos beta-lactâmicos (blaCTX-M-14, blaCTX-M-15, blaTEM-1B, blaSHV-11, blaSHV-28, blaOXA-1, blaACT), aminoglicosídeos (strA, strB, aac(3)II, aac(6)Ibcr, aadA1, aadA2, aadA5, aadA12, aph(3\'\')-Ib, aph(6)-Id), (fluoro)quinolonas (aac(6)Ibcr, qnrB, oqxA, oqxB), fenicóis (catA1, catB3, cmlA1, floR), tetraciclinas (tetA, tetB, tetX), macrolídeos (ermB, mphA, mdfA), trimetoprima (dfrA14, dfrA15, dfrA17), sulfonamidas (sul1, sul2) e fosfomicina (fosA), bem como mutações em regiões determinantes de resistência às (fluoro)quinolonas. Múltiplos genes associados à virulência para animais e seres humanos foram encontrados, sendo E. coli ST38, ST648 e ST novo pertencentes ao altamente virulento filogrupo D, enquanto E. coli ST10 e ST4012 foram atribuídas ao filogrupo A de baixa virulência. Genes que favorecem a associação bacteriana com plantas também foram identificados nas linhagens endofíticas. Para todas as linhagens isoladas de amostras brasileiras, plasmídeos carreadores de blaCTX-M-15 pertenceram ao IncF ou IncHI2A e foram transferíveis horizontalmente. Para as linhagens de E. coli isoladas de amostras portuguesas, plasmídeos carreadores de blaCTX-M-14 pertenceram ao IncI1 e foram transferíveis em duas das três linhagens. Em K. pneumoniae ST198, o plasmídeo IncF, denominado pKP301cro (147,4 kb), também carreou os clusters gênicos cusSRCFBA, copABCDRSE e arsRDABC codificadores de resistência à prata/cobre, cobre e arsênio, respectivamente. Finalmente, além do contexto genético internacional ISEcp1-blaCTX-M-15-orf477, dois novos contextos de blaCTX-M-15 foram encontrados em E. coli ST38 e ST4012. Em conclusão, hortaliças podem representar uma possível rota para a disseminação de bactérias, incluindo clones internacionais, carreadoras de genes de resistência clinicamente significantes para seres humanos e animais, representando uma séria ameaça à saúde pública.