Sustentabilidade financeira e custos de transação em uma organização de microcrédito no Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Fachini, Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-03062005-155034/
Resumo: Apesar de se constatar no mundo de hoje ferramentas financeiras altamente desenvolvidas, ainda existe uma fronteira que impossibilita uma grande parte da população mundial de baixa renda a ter acesso a essas ferramentas e suas inovações. A importância da existência das ferramentas financeiras está ligada, nesse trabalho, à oferta de crédito, que possibilita a alavancagem de um pequeno empreendimento através da obtenção de bens de produção e capital de giro. Um dos maiores empecilhos para que a fronteira se expanda é o alto custo de transação das operações de crédito para a população de baixa renda, devido a falta de garantias reais por parte dessa população e necessidade de escala para diluição dos custos fixos. Ao longo da História surgiram tecnologias bem sucedidas que se empenharam justamente em combater o problema da não transposição da fronteira financeira. Em especial, em Bangladesh, na década de 70, um professor de economia uniu-as resultando em uma sinergia que desencadeou o que alguns autores denominaram na literatura internacional "Revolução do Microcrédito". Entretanto, apesar desses avanços, não é certo que tais custos sejam baixos nos programas de microcrédito existentes hoje em dia no Brasil. Com a opção de continuar a ofertar o microcrédito, dado a função social desse empréstimo, as instituições com altos custos de transação se tornam insustentáveis financeiramente. A médio e longo prazo, seus fundos, destinados aos microempréstimos, são corroídos pelos custos, tornando-as incapazes de expandir a fronteira financeira através do aumento na oferta de microcrédito. Ademais, políticas recentes do governo brasileiro para o microcrédito estiveram mais voltadas ao benefício dos clientes finais, o que em alguns momentos prejudicou mais do ajudou as instituições de microcrédito a se desenvolverem no país. O trabalho avaliou o desempenho econômico de uma organização de microcrédito no Brasil e analisou como os Custos de Transação e as políticas do governo exerceram influência sobre a sua Sustentabilidade Financeira, no curto prazo do Banco do Povo - Crédito Solidário na cidade de Santo André e adjacências. No período coberto pelo estudo, o Banco não foi capaz de se sustentar operacional nem financeiramente sendo expressivo o valor de subsídios que essa instituição recebeu até 2003. Expandir a carteira de crédito para gerar maior retorno dos empréstimos gera também altos custos de transação. Constata-se que no Banco do Povo - Crédito Solidário, uma parte considerável das receitas da instituição são advindas de Aplicações Financeiras, uma forma de segurança para a instituição, mas que barram o crescimento da Carteira Ativa. Se o Banco do Povo permanecer com a política de não aumentar as taxas de juros cobradas e ainda for obrigado a implementar um teto para suas taxas, como a sugestão do governo de 2% a.m, então o retorno sobre a Carteira de Crédito no Banco do Povo - Crédito Solidário não permitirá a sustentabilidade da instituição. Os Custos de Transação influenciam a Sustentabilidade Financeira da instituição de duas maneiras: por um lado os custos em relação às receitas são altos o suficiente para tornar a instituição ainda insustentável e, por outro lado, a maior parcela do custo de transação diz respeito aos recursos humanos, que apresentam baixa produtividade na expansão do crédito, o que gera um menor retorno na carteira de crédito. Isso talvez seja causado por conta da pequena história de vida do Banco do Povo - Crédito Solidário. Desse quadro, todavia, existem algumas atitudes que podem ser tomadas. A primeira é que o Banco aumente a sua Carteira Ativa reconduzindo os fundos das Aplicações Financeiras para o portifólio de empréstimos (expandindo a fronteira financeira). Ao mesmo tempo, recomenda-se uma política de diminuição de custos e aumento da produtividade dos recursos humanos.