Influência de variáveis climáticas no desenvolvimento da ferrugem polysora na cultura do milho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Godoy, Cláudia Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11135/tde-20231122-093543/
Resumo: Com o objetivo de avaliar o efeito de variáveis ambientais no desenvolvimento da ferrugem polysora, causada pelo fungo Puccinia polysora, na cultura do milho, foram realizados ensaios em condições controladas, em câmaras de crescimento, e no campo. Em condições controladas, plantas de milho foram inoculadas com suspensão de esporos de P. polysora e incubadas em câmaras de crescimento para avaliar a influência da temperatura (5-35°C) e da duração do período de molhamento (2-24 horas) nos componentes monocíclicos período de incubação, período de latência, esporulação e na severidade da doença, em dois híbridos de milho. A função beta generalizada descreveu as variações dos períodos de incubação e latência e da severidade em função da temperatura, sendo a temperatura ótima para o desenvolvimento da doença, estimada pelo modelo, 23°C. Também foram observados sintomas a 10, 15, 20 e 30°C. Temperaturas abaixo da ótima desfavoreceram o desenvolvimento da doença, prolongando o período de incubação (28 dias a 10°C e 14 dias a 15°C) e latência (24 dias a 15°C) e proporcionando uma menor esporulação. A severidade da doença aumentou com o aumento da duração do período de molhamento de 2 a 24 horas. Os períodos de incubação e latência não foram influenciados pelos diferentes períodos de molhamento nas temperaturas 20, 25 e 30°C, ficando sempre entre 6-9 dias (incubação) e 8-12 dias (latência). O modelo logístico descreveu as variações da severidade em função do período de molhamento. Com a multiplicação das funções (beta generalizada e logística) foi obtida uma superfície de resposta da severidade em função da temperatura e do período de molhamento (R2=0,94). As temperaturas mínima e máxima, estimadas pela superfície, para o desenvolvimento da doença foram de 9,9 e 33,3°C, respectivamente. Em condições de campo, foi monitorado o desenvolvimento da ferrugem polysora em plantios consecutivos realizados entre outubro e maio em diferentes locais (Castro/PR, Piracicaba/SP e Guaíra/SP), em duas safras agrícolas (95/96 e 96/97). O modelo logístico descreveu o progresso da doença e componentes das curvas de progresso da ferrugem (severidade máxima, área sob a curva de progresso da doença - AUDPC - e taxa de progresso da doença entre avaliações) foram utilizados para comparar as epidemias nos diferentes locais e épocas e relacionados com variáveis climáticas coletadas durante os ensaios. As funções obtidas nos ensaios em condições controladas foram testadas para verificar sua capacidade de explicar o desenvolvimento da doença em condições de campo. A severidade da doença atingiu níveis elevados (superiores a 30%) em Piracicaba e Guaíra, nos plantios realizados entre dezembro e fevereiro, e foi inexpressiva nos plantios tardios. Em Castro, em todos plantios, a severidade da doença foi baixa (menor que 0,6%). A taxa de progresso da doença, entre avaliações, apresentou correlações positivas (p<0,05) com a temperatura média e com a função beta generalizada obtida nos ensaios realizados em câmaras de crescimento para a variável temperatura e correlações negativas com períodos de umidade relativa maior que 90% e com a função logística obtida nos ensaios realizados em câmaras de crescimento para a variável horas de molhamento. A AUDPC foi negativamente relacionada ao modelo de favorabilidade climática desenvolvido em função do molhamento. O aumento da importância da ferrugem polysora parece não estar associado somente ao acúmulo de inóculo proporcionado pelo plantio safrinha. Neste trabalho, observou-se que o clima apresenta um papel importante no desenvolvimento das epidemias dessa doença, pois mesmo na presença de inóculo, proveniente de plantios anteriores, não foram observadas epidemias em todas as épocas de cultivo.