Estudo da comunidade de morcegos na área cárstica do Alto Ribeira-São Paulo. Uma comparação com 1980

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Arnone, Ives Simoes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-10072008-183234/
Resumo: A investigação sobre morcegos cavernícolas brasileiros foi iniciada por TRAJANO (1981) que entre 1978 e 1980, estudou a comunidade que utiliza cavernas na área cárstica do Alto Ribeira, Sul do Estado de São Paulo. Seguiram-se estudos no norte de São Paulo, Distrito Federal e Bahia, sendo que trabalhos recentes estão sendo realizados em novas áreas, preenchendo uma lacuna importante no país. O presente estudo teve como objetivo realizar um novo levantamento da quiropterofauna do Alto Ribeira, complementando o levantamento prévio e verificando possíveis alterações devidas a perturbações antrópicas na área. Para tal, foram amostrados 13 pontos em áreas epígeas e 12 cavidades, das quais 10 foram estudadas mensalmente. O trabalho de campo consistiu de viagens mensais ao longo de um ano, com duração de cerca de 10 dias cada, com início em fevereiro de 2006 e término em janeiro de 2007. Todos os procedimentos seguiram, na medida do possível, os métodos adotados por Trajano (1981), sendo as redes colocadas nos mesmos locais amostrados há mais de duas décadas. No presente estudo, foram realizadas 121 noites de amostragem, com um esforço total de 25.320 m2 de rede x hora. No total, foram capturados 1.493 morcegos pertencentes a 35 espécies, representando cinco famílias (Emballonuridae, Furipteridae, Natalidae, Phyllostomidae e Vespertilionidae). No conjunto das doze cavernas foram obtidas 29 espécies, algumas delas representando os primeiros registros em caverna no Brasil, como Lasiurus ega e Chiroderma doriae. Nas localidades epígeas, foram registradas 24 espécies com algumas exclusivas desse ambiente, como Artibeus glaucus, Eptesicus furinalis, Eptesicus taddeii, Histiotus velatus, Vampiressa pusilla e Phylloderma stenops. Dos 1.493 morcegos capturados, 1.091 foram marcados com anilhas no antebraço, dos quais 330 foram recapturados pelo menos uma vez, havendo recapturas múltiplas, totalizando 519 recapturas. Em uma das recapturas, um espécime de Artibeus lituratus chamou a atenção por representar o maior deslocamento já registrado no país com 113 km de distância em 443 dias. As espécies com maior número de captura foram L. aurita (N = 508), seguida de D. rotundus (N = 223) e Carollia perspicillata (N = 217) e aquelas com maior número de recapturadas foram Lonchorhina aurita (N = 189), Desmodus rotundus (N = 166) e Diphylla ecaudata (N = 98); para estas últimas foi estimado o tamanho das populações em uma área de 113 km2: L. aurita, 1.639 indivíduos, D. rotundus, 548 indivíduos e D. ecaudata, 206 indivíduos. Na comparação com o estudo de TRAJANO (1981), para o mesmo esforço de coleta, foram considerados, no presente estudo, 483 indivíduos de 21 espécies (Emballonuridae, Natalidae e Phyllostomidae), sendo Lonchorhina aurita (N = 155) a espécie mais freqüente, seguida de Desmodus rotundus (N = 89) e Diphylla ecaudata (N = 71). A partir desses dados, verificaram-se diferenças no número de capturas, abundância relativa das espécies e posições no ranking de abundância entre os dois estudos, porém não na riqueza da quiropterofauna cavernícola. Dessa forma, o turismo crescente na região pode estar provocando efeitos negativos sobre algumas espécies provavelmente mais sensíveis, como os insetívoros Furipterus horrens, Micronycteris megalotis e Myotis nigricans, porém ainda não vem causando alterações significativas na riqueza e abundância total dos morcegos cavernícolas no Alto Ribeira.