Avaliação da distribuição, metabolismo e nefrotoxicidade do timerosal - um conservante a base de mercúrio usado em vacinas - utilizando modelos in vivo e in vitro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Carneiro, Maria Fernanda Hornos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-31102014-094442/
Resumo: O timerosal é um agente antisséptico utilizado em vacinas como conservante. Devido a presença de etilmercúrio (EtHg) em sua composição (com aproximadamente 49% de mercúrio (Hg) em peso), uma preocupação existe em relação aos possíveis efeitos tóxicos em humanos. No entanto, pouco se sabe sobre o perfil cinético do EtHg em mamíferos. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição tecidual e meias-vidas do Hg, seu metabolismo no sangue (conversão a mercúrio inorgânico) e nefrotoxicidade após exposição ao timerosal, utilizando modelos in vivo e in vitro. Para isto, o trabalho foi dividido em 3 estudos: (I) camundongos machos Swiss foram expostos a 20 ?g de Hg sob a forma de timerosal via intramuscular. Sangue, cérebro, coração, rim e fígado foram coletados após 0,5; 1; 8; 16; 144; 720 e 1980 horas (h) da exposição (n=4) e analisados quanto às concentrações das espécies de Hg por HPLC-ICP-MS; (II) alíquotas (n=4) de sangue total, plasma e eritrócitos humanos foram expostas a timerosal ou EtHg (3 mg/l) durante 24 h e analisadas quanto às concentrações das espécies de Hg por HPLC-ICP-MS; (III) células HK2 foram expostas durante 24 h a timerosal (0 ?M a 2 ?M) e avaliadas quanto à viabilidade e proliferação celular, apoptose, expressão de proteínas Bax e TGF-?1, saúde mitocondrial e concentrações de fibronectina no meio. Verificou-se que o transporte de EtHg do músculo para os tecidos e a sua conversão em Hg inorgânico (Hgi) ocorrem rapidamente. Após 0,5 h da exposição ao timerosal, as concentrações mais altas de ambos EtHg e Hgi foram encontradas no rins (> 70% do Hg total no corpo do animal). O cérebro apresentou uma menor contribuição para a carga corporal de Hg (<1,0% do Hg total no corpo do animal). Após trinta dias da exposição ao timerosal, houve excreção considerável de Hg e o fígado apresentou a maior parte do Hg ainda restante no corpo dos animais. As meias-vidas foram estimadas (em dias) em 8,8; 10,7; 7,8; 7,7 e 45,2; para o sangue, cérebro, coração, fígado e rim, ii respectivamente. Sugere-se que a extensão da conversão de EtHg a Hgi é modulada em parte pela partição do EtHg no plasma e no sangue, uma vez que o EtHg é rapidamente convertido a Hgi nas células vermelhas, mas não no plasma. O mecanismo de dealquilação em células vermelhas parece ser mediado pela reação de Fenton (formação de radicais hidroxil). Ainda, EtHg/timerosal diminuiu a viabilidade celular e mitose, promoveu a apoptose, prejudicou o estado de transição de permeabilidade mitocondrial, aumentou a expressão de Bax e TGF-?1 e secreção de fibronectina. Coletivamente, os resultados demonstram que a cinética do timerosal (EtHg) está mais próxima a do Hgi - e não do MeHg - e o rim deve ser considerado um alvo potencial de toxicidade do EtHg, já que é o órgão exposto às maiores concentrações de Hg , e onde o metal apresenta sua maior meia-vida biológica. Adicionalmente, o EtHg/timerosal demonstrou ser um agente antiproliferativo, apoptótico e pró-fibrótico em células humanas renais.