A infância e a velhice: percursos em Manuelzão e Miguilim

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Ferraz, Luciana Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-28092010-155602/
Resumo: Este trabalho é um estudo das novelas Campo geral e Uma estória de amor (Festa de Manuelzão), de Guimarães Rosa, que compõem o livro Manuelzão e Miguilim, um dos três volumes da obra Corpo de baile, desmembrada pelo autor na terceira edição. O intento aqui é articular aspectos da teoria psicanalítica, especialmente a partir dos estudos de Freud e Lacan, à análise estilística das novelas, na tentativa de desvendar as marcas que indicam a constituição do sujeito das personagens Miguilim e Manuelzão. Tais personagens, que desenham um percurso de começo e de fim de vida, são observadas não só em rituais de iniciação que marcam a passagem da infância para a vida adulta, em Miguilim, e da vida adulta para a velhice, em Manuelzão , mas também em pistas deixadas, literariamente, sobre o processo de constituição do sujeito estudado pela psicanálise. Em ambas as histórias, são observados os processos identificatórios, fundamentais para a constituição de um eu, articulados ao processo de descoberta dos sentidos da existência, um dos temas centrais na obra do autor. Nesse recorte, as relações familiares, as figuras da mãe e do pai, as marcas da infância carregadas ao longo da vida, as relações entre o mundo interno e externo, os sentidos que se aprendem tanto na infância quanto na velhice são aspectos centrais no estudo. Os conceitos de sujeito, identificação, desejo, ordem simbólica, condensação e deslocamento, memória e imaginário, tão caros à psicanálise, são instrumentos teóricos importantes para a compreensão desses jogos do inconsciente e das sutilezas do discurso do sujeito e seus desejos. Aponta-se, por fim, a força das estruturas psíquicas que, nascidas na infância, se reeditam na vida adulta, a exemplo dos ecos da vivência da trama edípica. A escolha deste viés metodológico não se constitui como psicanálise da obra ou do autor, nem migra conceitos indevidamente do campo psicanalítico ao campo literário e vice-versa, mas busca centrar-se no entroncamento entre as disciplinas e em disparadores de leitura que permitam novas entradas no texto especificamente sob o ponto de vista da configuração do sujeito, da aprendizagem que nele se opera via linguagem, de seus mecanismos de identificação com a imagem poética e dos enlaces íntimos entre seu mundo interno e o contexto em que vive.