Efeito da obesidade na imunidade antiviral da interface materno-fetal na infecção por Zika vírus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Branco, Anna Cláudia Calvielli Castelo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-07112023-111832/
Resumo: A incidência de obesidade está aumentando em todo o mundo, principalmente em mulheres, o que pode influenciar no desfecho da gravidez. Na gestação, as infecções virais representam risco para a mãe, para a unidade placentária e para o feto. O surto do ZIKV no Brasil foi responsável pela síndrome congênita do Zika (SCZ), com consequências devastadoras como a microcefalia em recém-nascidos. Neste projeto, analisamos o impacto do sobrepeso/obesidade materna na expressão de fatores antivirais no tecido placentário, na presença ou ausência da infecção gestacional pelo ZIKV. Foram analisadas amostras de placentas de mulheres com e sem obesidade, de 34 unidades de saúde pública (São Paulo) e de mães infectadas pelo ZIKV com e sem obesidade do Estudo de Coorte Clínica de Gestantes ZIKV (Rio de Janeiro, Brasil). Inicialmente, verificamos que a obesidade, na ausência de infecção, correlaciona com o aumento do peso placentário, não alterando a expressão transcricional constitutiva de fatores antivirais ou de IFNs tipo I/III. Porém, interessantemente, quando associada à infecção pelo ZIKV, foi observado a diminuição da expressão transcricional de RIG-I, IRF3 e IFIH1 (gene precursor da proteína MDA-5). A expressão de proteínas também confirmou a diminuição da expressão de RIG-I e IRF-3 na porção decidual placentária de parturientes com obesidade e infectadas pelo ZIKV. Esta alteração foi observada independentemente da ocorrência de microcefalia nos recém-natos. Também foi possível, preliminarmente, avaliar um modelo in vitro para obesidade, utilizando o ácido graxo de cadeia curta palmitato como estímulo na caracterização de macrófagos placentários humanos purificados. Foi observado aumento da resposta inflamatória em consequência ao palmitato. Esses achados mostram que a obesidade, associada à infecção pelo ZIKV, leva a um comprometimento da via de sinalização jusante do IFN tipo I na interface materno-fetal. O controle da obesidade gestacional é um dos fatores cruciais para a manutenção da saúde materna e determinante na formação e desenvolvimento fetal.