Implicações ecológicas, evolutivas e de conservação da territorialidade em linhagens de anuros hilídeos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Manzano, Ricardo Luria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-23072024-085741/
Resumo: A seleção natural e sexual faz com que a territorialidade esteja associada a variáveis ambientais e morfológicas. Este comportamento, por sua vez, tem consequências negativas ao nível individual e populacional, tais como custos elevados e baixa abundância devido ao maior espaçamento entre os indivíduos, respectivamente. Tais implicações da territorialidade têm sido estudadas principalmente ao nível intraespecífico, sendo raras na literatura análises deste comportamento em escalas filogenéticas mais amplas. Desta forma, no Capítulo 1 desta tese nós analisamos os padrões evolutivos da territorialidade na subfamília de anuros Hylinae, usando dados de uma busca bibliográfica detalhada. Especificamente, avaliamos o quão conservados são dois atributos comportamentais o canto territorial e o combate físico e um morfológico associados à territorialidade, a relação dos dois atributos comportamentais com algumas variáveis ecológicas e morfológicas, e a relação entre a diversificação de linhagens e os dois atributos comportamentais nesta subfamília. Em seguida, no Capítulo 2 analisamos os padrões de risco de extinção entre os clados (gêneros) de Hylinae e exploramos se o comportamento territorial, bem como outros fatores intrínsecos e extrínsecos, explicam o risco de extinção nesta subfamília. Para este capítulo, também utilizamos dados da literatura, alguns dos quais já haviam sido obtidos anteriormente para o Capítulo 1. No Capítulo 3, utilizamos o gênero Boana dentro de Hylinae para analisar os padrões evolutivos do combate físico e testar se esse comportamento moldou a evolução de atributos morfológicos e demográficos, obtendo dados de exemplares preservados em coleções científicas. No geral, encontramos que o canto territorial e o combate físico exibem um sinal filogenético moderado na subfamília Hylinae, tornando-se mais forte à medida que a escala filogenética se tornou mais estreita (isto é, na tribo Cophomantini dentro de Hylinae e no gênero Boana dentro de Cophomantini). Encontramos também que o comportamento territorial está mais associado com a reprodução em águas lênticas do que em águas lóticas em Hylinae. Além disso, o tamanho corporal dos machos e o dimorfismo sexual no tamanho corporal não estiveram correlacionados com o canto territorial ou o combate físico na subfamília Hylinae, mas estiveram positivamente correlacionados com o combate físico no gênero Boana, encontrando assim suporte para a hipótese do combate entre machos apenas ao nível de gênero. No entanto, o tamanho relativo de estruturas morfológicas (cabeça, espinho prepólico, membros anteriores e posteriores) não esteve correlacionado com o combate físico neste gênero, descartando assim a hipótese de que estruturas morfológicas particulares tenham proporcionado uma vantagem durante disputas físicas ao longo da história evolutiva de Boana. A taxa de crescimento ósseo não esteve negativamente correlacionada com o combate físico no nível de género, descartando assim a hipótese de um trade-off evolutivo entre esses atributos. Finalmente, as taxas de diversificação estiveram negativamente correlacionadas com o combate físico no nível de subfamília, mas o risco de extinção não esteve associado ao canto territorial ou ao combate físico; em vez disso, outros fatores intrínsecos e extrínsecos, como o habitat larval, a especialização do habitat e a densidade populacional humana explicaram majoritariamente o atual risco de extinção em Hylinae. Tomados em conjunto, os resultados dos três capítulos desta tese revelam semelhanças e diferenças nos padrões evolutivos da territorialidade, suas implicações em diferentes escalas filogenéticas e a importância deste comportamento (e outros atributos) no risco de extinção passado e recente.