Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Maia, Haggatta Luana |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/61/61132/tde-09052022-100704/
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Resumo: |
A síndrome de Treacher Collins (STC) é uma condição autossômica rara dentre o grupo das anomalias craniofaciais. A face considerada como parte da imagem do corpo adquire investimento libidinal para os processos de desenvolvimento identitário, assim, a imagem do corpo não é apenas anatômica. Na perspectiva psicanalítica a imagem do corpo é considerada como parte do desenvolvimento humano constituída por intermédio da dinâmica relacional (eu-outro). Na STC a caracterização clínica inclui alteração expositiva de uma face diferente diante do normal estabelecido pela cultura, a reabilitação preconiza intervenções na face, mas as marcas da diferença se mantêm evidentes. Com isto, buscamos neste trabalho interpretar como é constituída a dinâmica narcísica dos sujeitos com STC e como ocorre o espelhamento de relações entre o eu e o outro, por meio das instâncias da identidade narcísica. Além disso, procuramos investigar qual é a relação que o sujeito estabelece com a erotização corpórea; quais possíveis dificuldades vivenciam; e que afetos apresentam na representação da imagem do corpo. A pesquisa foi empírica clínico-qualitativa em psicologia da saúde, substanciada pela abordagem psicanalítica. As técnicas metodológicas utilizadas se formaram a partir da conjunção de três estratégias: análise de conteúdo categorial de entrevistas, interpretação do desenho da figura humana (instrumento person), construção de estudos de casos múltiplos. A pesquisa contou com a participação de três pacientes que realizam acompanhamento ambulatorial no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo. Os resultados mostram que a face atípica como na STC suscita tensões pelo impacto inicial da diferença, com a figura materna e posteriormente com a extensão das relações. Contudo, a identidade narcísica é constituída sobre duas realidades entre o estranho (figuras desconhecidas) e o reconhecível (figuras significantes) na imagem inconsciente do corpo. Em geral, o nascimento da imagem facial é eminentemente relacional, dependente do espelhamento de relação estabelecida no decorrer das experiências com o outro. Do mesmo modo, as relações podem indicar o fascínio do ver-olhar como narcisismo de vida, ou o estigma e discriminação encenados pela angústia do ver no narcisismo de morte. A reabilitação, conjuntamente a escuta analítica, pode representar a intervenção no esquema corporal, assim como, suporte a reconstrução da imagem inconsciente do corpo e os processos identitários. Nisto, a imagem encontra-se numa fase de reconstrução longitudinal entre plasticidades, ambiguidades e enlutamento. Diante disto, conclui-se que a recuperação física associada a elaboração psíquica entre imagens e identidades favorece a satisfação com o real do corpo nos espelhamentos de relações com o eu-outro. |