Efetividade analgésica da combinação da oferta oral de glicose 25% e sucção não nutritiva na inserção do cateter percutâneo em neonatos: ensaio clínico randomizado de superioridade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Camargo, Patrícia Ponce de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
dor
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-14072014-085830/
Resumo: Introdução: embora seja frequente e comum aos neonatos internados em unidade de terapia intensiva neonatal o uso do cateter percutâneo (CCIP) para implementação da terapêutica medicamentosa, a sua instalação é um procedimento doloroso, raramente realizada com medidas analgésicas. Objetivo: comparar a efetividade analgésica da combinação de oferta oral de glicose 25% com sucção não nutritiva (SNN) com a oferta oral de glicose 25% na inserção de CCIP em neonatos. Método: ensaio clínico randomizado de superioridade, conduzido no Berçário Anexo à Maternidade do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no período de outubro de 2011 a fevereiro de 2013. A amostra foi constituída por 85 neonatos, randomizados e alocados em dois grupos, grupo experimental (GE) composto por 43 neonatos e o controle (GC) com 42 neonatos. Ambos os grupos receberam solução de glicose 25% em volume que variou de 0,5mL a 2,0mL, de acordo com o peso do neonato. Aos neonatos do GE, além da solução de glicose 25% foi oferecido chupeta para estimulação da SNN. A glicose 25% foi fracionada e administrada em três períodos: 1- pré-punção venosa com oferta da metade do volume de glicose 25% prescrita, oferecido dois minutos antes da punção venosa; 2- durante a punção venosa sendo ofertada ¼ do volume de glicose prescrito e 3 - durante a progressão do cateter sendo oferecido o restante ¼ do volume de glicose 25% dois minutos após a punção venosa. O desfecho primário analisado foi o escore de dor avaliado com a escala Premature Infant Pain Profile (PIPP) nos primeiros 30 segundos após a punção venosa e por 180 segundos durante a progressão do CCIP. Os desfechos secundários foram os relacionados à duração das alterações na mímica facial (sobrancelhas salientes, olhos espremidos e sulco nasolabial, além da frequência cardíaca (FC), saturação de oxigênio (SatO2) choro e eventos adversos. Foram realizadas filmagens da face do neonatos e do monitor que captou a FC e SatO2 que posteriormente foram analisados e os dados registrados em planilha Excel. Os dados foram analisados no aplicativo Minitab, versão 15.1. A identificação dos grupos GE (G1) e GC (G2) ocorreram somente após a conclusão da análise estatística para garantir o mascaremento. Para testar a distribuição normal das varíáveis quantitativas utilizou-se o teste Kolmogorv-Smirnov. Para análise das variáveis qualitativas utilizou-se o teste qui-quadrado ou exato de Fisher. Os grupos foram comparados pelo teste t ou Mann-Whitney. Na análise dos dados relacionados á progressão do cateter foi utilizado o ANOVA e aos dados perdidos foram adotados a análise por intenção de tratamento. O projeto de pesquisa recebeu aprovação do comitê de ética da instituição, local de estudo e foi registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. Resultados: dos 85 RN que participaram do estudo, 19 (22,4%) não foram avaliados quanto à resposta dolorosa por insucesso na instalação do cateter. A distribuição das variáveis sexo, idade gestacional corrigida, idade cronológica, peso, Apgar, intervalo entre a última mamada e inserção do CCIP, procedimentos dolorosos prévios submetidos pelo neonato, número de punções venosas, sucesso na inserção, complicações na punção e progressão apresentaram distribuiçôes homogêneas entre os grupos experimental e controle. Os escores de dor foram inferiores no GE. O GC apresentou maior freqüência de escores PIPP, indicativos de dor moderada pós-punção (p=0,001). Na avaliação da mímica facial pós-punção venosa, o GC apresentou maior média da porcentagem de tempo com sobrancelhas salientes (p<0,001), olhos espremidos (p=0,005) e sulco nasolabial (p=0,002) comparado ao GE. As médias da FC, SatO2 e choro pós-punção não apresentaram diferenças estatísticas significantes entre os grupos. O GC apresentou maior freqüência de escore PIPP indicativo de dor moderada à intensa na progressão do cateter, mas esta diferença não foi estatisticamente significante (p=0,759) na análise por intenção de tratamento. A avaliação da mímica facial não teve diferença estatística significante entre os grupos de intervenção e o tempo avaliado: sobrancelhas salientes (p=0,757), olhos espremidos (p=0,940) e sulco nasolabial (p=0,657). Em relação aos grupos e a intervenção, independente do tempo, foi verificada diferença significante para sobrancelhas salientes (p<0,001), olhos espremidos (p<0,001) e sulco nasolabial (p<0,001). Avaliando os grupos ao longo do tempo, independente da intervenção observou-se diferença estatística apenas para sobrancelhas salientes (p=0,014). Não foi observada diferença na FC (p=0,245) e SatO2 (p=0,722) entre os grupos de intervenção em relação ao tempo. Porém houve diferença na FC e SatO2 em relação à intervenção independente do tempo (p<0,001) e ao longo do tempo (p<0,001) em ambas as medidas fisiológicas. O tempo de choro durante a progressão do CCIP não houve interação entre os grupos de intervenção (p=0,277). Os eventos adversos não foram estatisticamente significantes (p=0,313). Conclusão: A hipótese de superioridade da efetividade analgésica da oferta de glicose 25% combinada à SNN em relação à oferta somente de glicose 25% foi confirmada no período pós-punção e refutada na progressão do cateter.