Efeitos da exposição ao mercado de produtos florestais não madeireiros sobre o capital social de comunidades extrativistas da Amazônia brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rizek, Maytê Benicio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/90/90131/tde-03112010-015234/
Resumo: A crença na capacidade do mercado de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) em conciliar a conservação de florestas tropicais e o desenvolvimento de populações extrativistas resultou na implementação de diversos programas com esta finalidade na Amazônia brasileira. Dentre esses programas é cada vez mais comum o estabelecimento de parcerias entre comunidades extrativistas que comercializam PFNMs com empresas. No entanto, estudos têm evidenciado que o mercado de PFNMs apresenta impactos tanto na esfera ambiental como no âmbito socioeconômico das comunidades envolvidas. Sobre os efeitos socioeconômicos, não estão claros quais os efeitos deste mercado nas estratégias de compartilhamento de recursos e cooperação produtiva entre unidades domésticas, as quais têm funções econômicas e sociais para a subsistência, em especial no caso das unidades mais vulneráveis. Partindo dessa questão central foi testada a hipótese de que a exposição ao mercado de PFNMs afeta essas instituições cooperativas, trazendo consequências negativas para a segurança de subgrupos mais vulneráveis economicamente. Para isso foi feito um estudo comparativo entre duas comunidades que compartilham o mesmo histórico e estão localizadas em condições ambientais e geográficas semelhantes na Reserva Extrativista do Médio Juruá no Estado do Amazonas Brasil, mas que diferem com relação à exposição ao mercado de PFNMs. Enquanto a comunidade do Roque comercializa óleos vegetais com empresas de cosméticos, Pupuaí mantém práticas econômicas locais. As técnicas para coleta de dados incluíram painel de observações sistemáticas, surveys, diagnóstico rural participativo e entrevistas estruturadas e semi-estruturadas. Os resultados indicam que o compartilhamento de recursos é menos frequente na comunidade inserida no mercado de PFNMs, porém este efeito não é perceptível na avaliação transversal entre unidades domésticas com diferentes graus da inserção ao mercado. Portanto, as mudanças no compartilhamento de recursos foram observadas somente no nível entre comunidades e a hipótese foi apenas parcialmente aceita. Com relação aos efeitos sobre unidades domésticas mais vulneráveis este estudo apresentou dois resultados principais. Em primeiro lugar há um padrão distinto de compartilhamento de recursos entre as comunidades. Isto é, na comunidade com mercado de PFNMs as unidades vulneráveis receberam mais recursos, enquanto na comunidade menos exposta ao mercado foi observado o oposto. Mas, devido à menor frequência de eventos cooperativos observados na comunidade inserida no mercado, ainda assim suas unidades vulneráveis receberam menos recursos quando comparadas com as unidades vulneráveis da comunidade menos exposta ao mercado. O segundo resultado é que as unidades mais vulneráveis da comunidade com mercado de PFNMs participaram de interações cooperativas com menos unidades distintas quando comparadas com aquelas da comunidade sem mercado e, portanto, têm menor capital social para recorrer em situações de risco ou escassez de recursos. No entanto, para avaliar se a redução no comportamento cooperativo afeta o bem-estar das unidades mais vulneráveis seria necessário avaliar se a demanda de consumo das unidades vulneráveis são melhor atendidas na comunidade inserida no mercado de PFNMs ou naquela menos exposta ao mercado.