Previsão de falhas corporativas nas operadoras de planos de saúde de assistência médica: uma análise do setor de saúde suplementar brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cintra, Vinícius Gabriel Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-24012023-100709/
Resumo: O setor de saúde suplementar do Brasil, consistindo nas ações e serviços relacionados a operação de planos e seguros provendo acesso à saúde no âmbito privado, constitui uma porta de acesso à serviços de saúde para mais de 1/4 da população brasileira, representando um importante pilar de sustentação do sistema de saúde do país. Apesar da grande importância e relevância, é observado que a cada ano existem cada vez menos operadoras de planos de saúde (OPS) ofertando serviços, evidenciando uma tendência de oligopolização do setor. Adotando como foco de análise as saídas de OPS relacionadas ao conceito de falhas corporativas, frente aos grandes custos aos quais a sociedade precisa arcar causados pelo encerramento de uma OPS, o presente estudo teve como objetivo a elaboração de um exame empírico das características econômico-financeiras e demais outras variáveis específicas das OPS que tiveram suas atividades encerradas compulsoriamente por decreto da agência reguladora. O rol de definições de uma falha corporativa é extenso, abrangendo situações de falência, inadimplência e, dentre a diversas outras, são resumidas neste estudo na incapacidade do agente em honrar suas obrigações com seus stakeholders (conceitos como insolvência, falha financeira e demais outros se mostram, portanto, equivalentes neste trabalho). Utilizando a literatura relacionada à previsão de falhas corporativas, empregou-se a técnica de regressão logística nos dados iniciais de 677 operadoras entre os anos de 2014 e 2020, para obtenção de um modelo preditivo de falhas nas OPS. O modelo apontou como variáveis discriminantes relevantes, 4 variáveis numéricas e 2 variáveis categóricas. As variáveis numéricas do modelo obtido e com maior relevância na discriminação dos grupos foram: margem EBITDA (onde OPS falhas apresentam a prevalência de médias negativas e/ou inferiores à OPS não falhas), o patrimônio líquido sobre ativo total (onde o aumento da participação do capital próprio tem impacto na diminuição das chances de falha), duas variáveis relacionadas à liquidez - capital de giro sobre receita total e ativos financeiros sobre passivo circulante - com resultados alinhados à literatura (quanto maior a proporção desses ativos, menor as chances de falha) e, inicialmente indo contra os resultados esperados, a variável representada pelos ativos financeiros somado aos recebíveis de curto prazo sobre o passivo circulante, apresentando associação positiva entre o aumento do indicador e crescimento das chances de falha. Neste sentido, destaca-se uma característica do setor onde grandes volumes de recebíveis requerem atenção, podendo inclusive indicar um balanço irreal de contas a receber (OPS tem como característica a preponderância de recebimentos em pré-pagamento). Por fim, as duas variáveis categóricas evidenciam a diminuição das chances de falha caso a OPS seja da modalidade autogestão ou cooperativa médica. O modelo apresentou uma capacidade discriminatória global de 92% e, considerando as decisões na seleção do cut-off, uma acurácia de 77,8% na previsão do evento de interesse na amostra teste.