Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Torelli, Lygia Rachel Testa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-15102015-140046/
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Resumo: |
Esta dissertação tem por objetivo analisar a atividade docente de Ferdinand de Saussure (1857-1913) relativa à Linguística Geral, em 1907, quando o então experiente professor assumiu, pela primeira vez, o ensino da disciplina (Curso I). Nossos pressupostos teóricos provêm da Historiografia Linguística, tal como praticada por Auroux (1994), Koerner (1996) e Swiggers (2004). Nossa problemática parte do reconhecimento de que uma das maneiras de perpetuar a presença de Saussure no cânone dos estudos linguísticos consiste em repetir metáforas e exemplos a ele creditados, como a célebre metáfora do jogo de xadrez para ilustrar o conceito de língua. A partir de estudos historiográficos das funções semiótica e argumentativa de definições e de exemplos de língua (Rey, 1995; Quijada Van den Berghe e Swiggers, 2009; Chevillard et al., 2007), repartimos o material de análise (Saussure, 1996[1907]) em três porções, a que chamamos domínios (Caussat, 1978): Fonologia, Fonética e Analogia, temas do Curso I, para os quais estabelecemos três objetivos principais de pesquisa [1 a 3], e um objetivo secundário [4]: [1] levantar e caracterizar definições nos três domínios; [2] levantar e caracterizar os exemplos de língua nos três domínios; [3] correlacionar o uso de definições e de exemplos de língua nos três domínios; [4] correlacionar os dados apurados em [3] com com o contexto imediato de emergência do Curso I, ou seja, com o ensino da disciplina Linguística Geral na Faculté de Lettres et Sciences Sociales, em Genebra, em 1907 (Vincent, 2013). Nossas análises, que abarcaram 60 (sessenta) definições, apontam para a preferência de se construir uma definição pelo termo (definitio nominis), e não pela coisa (definitio rei), quando se trata de apresentar definições prioritárias ao assunto. Quanto aos exemplos, foram apuradas mais de 2000 (duas mil) ocorrências, com saliente revezamento entre francês e alemão nos três domínios, acompanhados por latim e grego, em uma representação das línguas-objeto feita principalmente por compreensão, ou seja, pelo uso generalizável dos exemplos de língua, que ilustram o conteúdo temático de maneira não-exaustiva. A unidade majoritária dos exemplos é a palavra, e sua disposição espacial preferencial são séries paralelas, ora em contraste simultâneo, ora em relação de sucessão temporal, com poucos paradigmas e declinações. As perguntas retóricas desempenham papel didático frequente e flexível, desde o teste de hipóteses até a apresentação de definições. Observamos, ainda, a ocorrência de definições que apresentam diretamente exemplos de língua, em uma relação bastante forte de interdependência. Reunimos, ainda, mecanismos de organização dos conteúdos temáticos (numerais, grafemas alfabéticos) e de esquematização (tabelas, símbolos e outras rupturas com a linearidade da exposição oral e da anotação escrita). Por fim, observamos estruturas de negação em todos os mecanismos investigados: definições que apresentam aquilo que não é antes daquilo que é, exemplos de língua que não ilustram determinado assunto, perguntas retóricas com respostas frequentemente negativas e oposições entre conceitos, de modo que as relações de oposição, algumas antinômicas, parecem caracterizar de maneira geral a didática de Saussure antes mesmo da formulação explícita do conceito de signo linguístico, que ocorreu, como sabemos, no curso de 1910-1911. |