Quem sair por último, apague as luzes: a Confederação Nacional da Indústria e o golpe parlamentar de 2016

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Rafael da Silva da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-28092023-170844/
Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar o mecanismo de tomada de decisão através do qual a CNI calculou o custo político de apoiar ou não o golpe parlamentar de 2016. Para fazê-lo, toma como objeto remontar os componentes da ação coletiva da CNI que informaram esse mecanismo: interesse, mobilização, organização e oportunidade. O trabalho consistiu em examiná-los de modo a reconstituir tal mecanismo, através de análise documental e realização de entrevistas com empresários, ex-membros do governo federal e membros do corpo técnico da CNI. Concluímos o cálculo realizado pela CNI diante de um conflito levar em conta quatro variáveis: a) avaliar se determinado posicionamento manterá a estabilidade do arranjo de poder distribuído na entidade; b) considerar se determinada ação permitirá manutenção do controle de seus recursos por seu grupo dirigente; c) estimar a possibilidade de projeção pública de seu grupo dirigente a partir de determinada decisão; d) aquilatar o quanto sua agenda econômica avançaria com determinado posicionamento. Os resultados da pesquisa apontam que quatro fatores informaram sua posição final no conflito do impeachment: a) aumentos de alíquotas de impostos, revertendo sucessos políticos da CNI, sinalizavam bloqueio do governo ao interesse da entidade no aumento do fundo público aplicado à indústria; b) enquanto federações de SP e RJ apontavam Michel Temer (PMDB) como solução para a crise, a CNI propunha saída em torno de Dilma (PT), fragilizando o arranjo de poder distribuído; c) federações de SP, RJ e SC, contrariadas por proposta de redução de repasses ao chamado Sistema S, contestam acordo da CNI com o governo sobre o tema, abalando novamente o esquema de poder distribuído; d) adesões da maioria das federações estaduais ao golpe parlamentar, após divulgação de escuta telefônica envolvendo a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula (PT) pela Operação Lava Jato, puseram em xeque a legitimidade política da posição da CNI no conflito. Cada um desses fatores aumentou o custo político da CNI não apoiar o impeachment, até que tal comportamento tornou-se insustentável.