Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2008 |
Autor(a) principal: |
Peres, Rodrigo Sanches |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-07012009-112955/
|
Resumo: |
O interesse da comunidade científica pelos aspectos psicológicos do câncer de mama aumentou consideravelmente nas duas últimas décadas. Diversas pesquisas com esse enfoque sugerem que a personalidade das pacientes pode influenciar o curso da doença, mas poucas contemplam especificamente essa questão. O presente estudo teve como objetivo comparar aspectos dinâmicos e elementos estruturais de personalidade em dois grupos distintos, em termos do curso da doença, de mulheres acometidas por câncer de mama. A amostra foi constituída por um grupo de mulheres em remissão (n=8), denominado Grupo 1, e um grupo de mulheres em recidiva (n=8), denominado Grupo 2. Todas as participantes eram vinculadas a uma entidade assistencial, cumpriram o tratamento médico preconizado e não apresentavam antecedentes psiquiátricos. A coleta de dados foi conduzida mediante o emprego de entrevista psicológica e do Teste de Apercepção Temática (TAT). Os dados obtidos foram inicialmente submetidos a análises qualitativas, descritivas e exploratórias e, posteriormente, organizados em estudos de caso. Além disso, foram interpretados sob a ótica da sicossomática psicanalítica a partir de uma articulação entre as proposições teóricas de Marty e McDougall. Considerando-se o estado da arte na atualidade, trata-se de um desenho metodológico inovador. Os resultados revelam que, na maioria das articipantes do Grupo 1, a integração lógica, a capacidade adaptativa e o funcionamento defensivo são apropriados, mas o controle dos impulsos é restritivo. As imagos parentais têm valência essencialmente positiva e a dinâmica das relações interpessoais varia da dominância à submissão. Conflitos associados à oscilação entre desejos de passividade e rigidez ou à insustentabilidade de ideais narcísicos se mostraram típicos e o contato com a própria subjetividade pareceu penoso, mas viável. O Grupo 2 diferenciou-se porque, na maioria das participantes, a capacidade adaptativa é comprometida por uma veemente dificuldade na utilização da realidade interna como referência para a organização da realidade externa. O funcionamento defensivo se sustenta à custa do apelo descontextualizado a operações psíquicas que sugerem uma estruturação egóica pouco consistente. O controle dos impulsos é restritivo e as imagos parentais têm valência predominantemente negativa. Além disso, um apego excessivo ao factual decorrente do apagamento da dinâmica mental conduz à conformidade social dos afetos, à contenção da atividade imaginativa ou até mesmo à estase libidinal. É possível afirmar, portanto, que o pensamento operatório e a desafetação são as principais características da personalidade das mulheres em situação de recidiva avaliadas. Conseqüentemente, pode-se situar o retorno do câncer na trama do trauma ensejado pelos desdobramentos do diagnóstico e do tratamento do tumor primário, uma vez que tais características promovem a substituição da simbolização pela reação biológica quando da ocorrência de eventos potencialmente desestruturantes. O presente estudo, assim, favorece uma compreensão inicial dos mecanismos psicodinâmicos por meio dos quais a personalidade das pacientes é capaz de influenciar o curso do câncer de mama. |